Já serviu de morada de nobres, espaço museológico e arquivo de documentos. Depois de anos fechado ao público, o palácio Marquês de Pombal volta a abrir portas em junho, para visitas guiadas e atividades lúdicas e culturais, anunciou o presidente da Câmara Municipal de Oeiras, Paulo Vistas. Além do palácio propriamente dito, os jardins setecentistas, o lagar e a adega passam agora a ser visitáveis.

Entre as atividades previstas para os próximos meses, destaca-se, entre 29 e 31 de maio, a realização do Concurso Internacional de Vinhos Selezione del Sindaco, que sai de Itália pela primeira vez.

O mundo vínico volta a estar em destaque com o Festival de Vinhos Europeus e do Enoturismo, de 5 a 7 de junho. Para além da divulgação dos vinhos premiados na XIV edição do Concurso, este festival servirá para enfatizar a componente do enoturismo, seja na componente vínica, seja na gastronómica, bem como para promover todo o edificado histórico do local.

De 2 a 4 de julho, será a vez do Sushi Fest, um festival inédito na Europa que reúne cozinha e cultura japonesa com música contemporânea portuguesa.

Já no início de maio, o palácio e jardins foram palco do festival gastronómico “Há Prova em Oeiras”, onde a Câmara Municipal de Oeiras deu a conhecer uma das suas mais originais apostas: a produção do vinho de Carcavelos. O “Villa de Oeiras” tem “recebido vários prémios em concursos internacionais em prova cega”, adiantou Paulo Vistas, reconhecendo que a iniciativa autárquica foi fundamental para fazer sobreviver o vinho de Carcavelos. Um trabalho possível graças ao protocolo assinado com a estação agronómica do Ministério da Agricultura, revela o enólogo Tiago Correia.

As origens do vinho de Carcavelos remontam ao séc. XIV, sendo a sua qualidade reconhecida por D. José, que o enviou de oferta à corte de Pequim. Mas foi o Marquês de Pombal que veio impulsionar verdadeiramente a produção deste vinho. Já no séc. XIX, as vinhas foram praticamente dizimadas com doenças como oídio, filoxera e míldio, à semelhança do que aconteceu em outras regiões. O estabelecimento oficial da região demarcada, no séc. XX, veio pôr termo às imitações deste vinho fortificado, produzido a partir de castas brancas como Arinto, Galego Dourado e Ratinho, com estágio de dois anos em madeira nova e seis meses em garrafa. A longevidade do vinho de Carcavelos é bem conhecida, podendo permanecer inalterável durante 20 a 25 anos.

O seu “aroma complexo” e “delicada sensação de volume na boca” combinam, na opinião do enólogo, com várias opções de harmonização. Como aperitivo, fica bem com queijos fortes, idealmente curados ou de meia cura e picantes. Como digestivo, casa com a doçaria conventual, como doces de ovos e frutos secos, sendo a sua conjugação com café também “muito interessante”. Tiago Correia aconselha algum cuidado na harmonização com chocolates, que nem sempre resulta. Em caso de querer experimentar, garanta que os chocolates são de leite.

Atualmente à venda em garrafas de 37,5 cl (13 euros) e de 75 cl (25 euros), o Villa de Oeiras vai estar também disponível em breve em tubos de 60 cl, nas lojas gourmet do concelho e na sede da Confraria do Vinho de Carcavelos, no centro histórico de Oeiras.

Ana César Costa