No decorrer dos tempos, a atitude em relação ao odor corporal foi-se modificando e, se alguma vez ele foi entendido como tendo um efeito de atracção sexual, nos nossos dias o cheiro do suor, principalmente após algum tempo de permanência, é considerado inaceitável.

Os tempos modernos exigem cheiros agradáveis, adaptados às situações, às personalidades e às sensibilidades. A utilização de perfumes para mascarar os odores corporais data de há vários séculos. Por exemplo, a utilização de perfumes como desodorizantes iniciou-se na China em 1500 a.C.

Resinas aromáticas provenientes de árvores eram misturadas com gorduras animais e, depois, aplicadas em várias regiões corporais, onde exalavam o aroma que contrariava o odor corporal. À medida que a civilização avançava, os costumes foram-se modificando e a sociedade foi adoptando novos comportamentos de higiene.

O uso de produtos especificamente preparados para combater o odor corporal das axilas começou no início do século XX, quando Stillians recomendou a utilização do cloreto de alumínio, não só para reduzir a transpiração mas também para evitar o mau cheiro.

No entanto, só muito mais tarde é que foram criados cosméticos específicos para serem aplicados nas axilas, dando origem a uma grande proliferação de activos, assim como de cuidados com aquela finalidade e que estão na base do prodigioso mercado dos desodorizantes e dos antitranspirantes.

Perspiração vs transpiração
Transpirar é indispensável, mas pode ser muito desagradável. O suor é um líquido incolor e de PH ácido, que se produz nas glândulas sudoríparas écrinas, constituído por 99% de água.

Contém também sais minerais, ureia, proteínas, lípidos e ferro. Ao evaporar, assegura a regulação térmica do nosso corpo, garante a função barreira, mantém o PH da pele e a hidratação.

De facto, a pele segrega e elimina muita água, essencialmente por via da sudação. A sua eliminação, através das glândulas sudoríferas, obedece a dois mecanismos: a perspiração e a transpiração.

O primeiro é um fenómeno permanente, que acontece em condições normais de temperatura e sem esforço físico. Já o segundo ocorre quando a temperatura do meio ambiente ultrapassa os 31-32°C, ou quando é realizado um esforço físico significativo.

É a evaporação do suor à superfície da pele que permite eliminar o calor em excesso e manter o corpo a uma temperatura constante.

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Transpiração excessiva
Transpira muito? Os casos de transpiração excessiva (hiperidrose) devem ser tratados sob orientação médica. O trabalho diário e a vida em comum na sociedade moderna exigem cuidados especiais para prevenir a transpiração excessiva e os odores que a acompanham.

A transpiração é um fenómeno natural e indispensável para o bom funcionamento do organismo. No entanto, quando é em excesso, provoca problemas não só pelos motivos ligados ao odor, mas também porque é desconfortável e pode trazer complicações, como lesões cutâneas.

Por estas razões, e possivelmente por outras, houve sempre a preocupação em controlar as secreções sudoríferas. A hiperidrose, a perturbação que corresponde à sudação excessiva, e a sua retenção nos locais de secreção, proporciona condições favoráveis às infecções microbianas e micocitócicas.

Causada por doenças, temperaturas elevadas, esforço físico, ou por efeito de emoções, dores e traumatismos efectivos, a hiperidrose é mais intensa nas axilas e nos pés. Provoca desconforto e intolerância, que levaram à busca de determinadas soluções que pudessem prevenir, remediar ou mascarar esse estado indesejado.

Existem vários tipos de cuidados, tais como os medicamentos anticolinérgicos, que bloqueiam a produção de suor; a iontoforese, um aparelho emissor de ondas eléctricas responsáveis pela diminuição da secreção das glândulas que se adapta às mãos, aos pés e às axilas e, finalmente, a toxina botulínica.

Tipos de fórmulas
O processo mais antigo para combater odores desagradáveis relacionados com o suor, e muito em moda no tempo de Luís XIV, era mascarar os maus odores por outros mais agradáveis, que permitiam ainda substituir, com frequência, a higiene corporal.

Apesar disso, com o tempo compreendeu-se que embora o cheiro agradável seja o objectivo desejado, é necessário também evitar, ou procurar eliminar, as causas dos odores desagradáveis. Desta forma, entre as soluções conhecidas encontram-se os antiperspirantes, desodorizantes (bactericidas), inibidores enzimáticos e absorventes de odores.

Os antitranspirantes e os desodorizantes são produtos de higiene corporal com uma longa história nesta área e representam, hoje em dia, uma cota importante no mercado dos cosméticos.

Antitranspirantes
Têm como função reduzir a transpiração. No entanto, esta redução não deve bloquear por completo a sudação natural. Os antitranspirantes devem ser aplicados sobre a pele limpa e seca, que não apresente ferimentos e nunca logo após a epilação.

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Por vezes podem provocar em certas pessoas uma alergia devido a algum dos seus componentes. Podem ainda ser fonte de alguns problemas, de que a irritação cutânea é o exemplo mais vulgar, se não forem convenientemente utilizados.

O uso de antitranspirantes é considerado potencialmente perigoso, isto porque actuam sobre a pele, reduzindo a produção sudorífera, o que contraria a sua fisiologia natural.

Desodorizantes
Limitam o desenvolvimento das bactérias à superfície da pele, de modo a evitar o odor corporal. Os microrganismos que existem na superfície da epiderme são de vários tipos e localizam-se sobretudo nas axilas e nos locais mais húmidos do nosso corpo.

Para evitar a sua proliferação são empregues activos com propriedades bactericidas ou bacteriostáticas. Actualmente há um novo tipo de molécula que procura inibir o aparecimento do odor ou evitar a sua presença sem recorrer a bactericidas ou a substâncias antitranspirantes.

A substância utilizada é constituída, essencialmente, por ricinoleato de zinco, e a sua actuação baseia-se no fenómeno de captação físico-química. Retém no interior das suas moléculas as fracções que provocam o mau odor, provenientes das matérias orgânicas do suor. Assim retidos, esses odores já não são percebidos.

Formas de apresentação
Os antitranspirantes e desodorizantes são formulados em suspensão, emulsão ou solução.

Aerossóis
São as formas mais populares, pois a sua aplicação é rápida e fácil. Irritam menos a pele, uma vez que não possuem álcool. Devem ser aplicados uma a duas vezes ao dia.

Este tipo de aplicador libera partículas antitranspirantes suspensas no ar, sendo ideal para aplicar em áreas mais extensas. O jacto de ar seco pode causar irritação da pele, sobretudo se o produto em questão tiver uma elevada concentração de sal.

Creme
Por norma este produto possui a mesma composição do roll-on, com substâncias que amaciam a pele, evitando a proliferação de bactérias. Entre os cremes antiperspirantes, os que merecem maior interesse são os cremes evanescentes.

A concentração de emulsionantes determina a consistência final do creme. Esta forma de apresentação parece ter um efeito menos activo do que as soluções.

Creme gel
Neste tipo de produto, as proporções de álcool, água e complexo de alumínio devem manter-se perto do limite, a fim de se obter um stick transparente. Contém água-de-colónia (ou uma solução hidroalcoólica) que oferece uma sensação de frescura, uma vantagem a juntar à facilidade de aplicação.

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Pedra de cristal desodorizante
Um desodorizante natural, eficaz e de longa duração. As propriedades adstringentes, antibacterianas e purificantes dos sais minerais do alúmen de potássio eliminam os odores provocados por bactérias e ajudam a regular a transpiração e a controlar o odor.

Este cristal funciona de forma diferente dos desodorizantes convencionais. Não provoca alergias e como não têm qualquer odor, uma vez que é neutro, pode ser usado juntamente com o seu perfume favorito.

Para além disso, não mancha a roupa. Antes de usar, o cristal deve ser ligeiramente humedecido. A fina camada de minerais que fica depositada na pele protege durante todo o dia.

Cada cristal tem uma duração aproximada de um ano, sendo essencial não o deixar cair e mantê-lo sobre o suporte para que possa secar após cada utilização.

Líquidos
Os antitranspirantes e desodorizantes líquidos, constituídos por soluções aquosas de sais de alumínio, contêm quantidade maior ou menor de etanol com a finalidade de favorecer a vaporização (efeito de frescor imediato) e dissolver os perfumes.

O glicerol, sorbitol ou polietilenoglicol permitem aumentar a viscosidade do preparado, favorecendo a aderência do produto após a aplicação.

Roll-on
Estas soluções são acondicionadas em frascos com tampa formada por uma esfera de plástico, que rola sobre a pele, resultando na aplicação de uma fina película protectora que reveste as axilas.

Trata-se de uma forma eficaz, económica e higiénica pois não escorre nem provoca nuvens de gotículas, que seriam obrigatoriamente inspiradas pelas vias respiratórias em locais pequenos e confinados.

Spray
Possui normalmente uma base alcoólica, e é o tipo mais antigo e comum de desodorizante ou antitranspirante existente no mercado. É mais indicado para os homens devido à sua acção de bloqueio sobre as glândulas sudoríferas.

Squeeze-spray
Os squeeze-sprays são formulados à base de álcool, podendo causar irritação nas peles mais sensíveis. Constituem um sistema fácil e de menor custo, pois resumem-se a um recipiente de plástico mole (PVC de baixa densidade) que, por simples pressão manual do corpo do frasco, libera o conteúdo em nuvem grosseira de gotículas.

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Irritações e alergias
Segundo Carla Leitão, Directora Técnica da Aroma da Terra, "Vários compostos podem causar alergias e descompensações que irritam a pele. O álcool é um agente que provoca irritação em muitas peles, mas o ingrediente que pode causar mais alergia é o perfume.

Os agentes antimicrobianos, ao promoverem desequilíbrios microbiológicos, também podem levar a irritações da pele. Os agentes antitranspirantes também podem causar alergias, principalmente se forem usados em excesso, pois podem diminuir demasiado a transpiração, e as toxinas, que seriam eliminadas com o suor, ficam retidas e causam inflamações."

Como escolher um desodorizante
Estes produtos podem criar algumas alergias, em especial nas axilas, por isso convém fazer uma escolha criteriosa e aplicá-los apenas em pele sã, interrompendo a sua utilização se houver alguma reacção alérgica.

Descubra qual o tipo de desodorizantes que deve usar para que a sua pele não fique irritada, principalmente se esta for sensível.

Em creme
São os mais indicados. Menos irritantes, a sua forma de aplicação facilita o contacto do produto com os orifícios de excreção do suor.

Aerossóis
Normalmente têm concentrações mais elevadas e, por isso, podem ser mais irritantes.

Pós
Por norma são reservados aos cuidados podológicos.

Anti-sépticos
Destroem as bactérias com penetração lenta e contínua e, em alguns casos, com alguma toxicidade, o que pode causar irritação.

Sabia que o suor não tem cheiro?
Na verdade, o suor em si mesmo não tem qualquer cheiro. São as bactérias que todos temos sobre a pele as responsáveis pela degradação do suor e pela formação de produtos voláteis com um odor característico.

Este fenómeno é mais acentuado nas axilas, ricas em glândulas sudoríferas, mal ventiladas e onde a humidade favorece a multiplicação das bactérias. Nos pés, encerrados nos sapatos, acontece o mesmo fenómeno.

Uma boa higiene, o uso eventual de um sabonete bactericida, a escolha de sapatos de couro em vez dos de plástico e de meias de algodão podem resolver parte do problema.

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Dicas para diminuir a transpiração
Se faz parte do grupo de pessoas que enfrenta sérios problemas com a transpiração em excesso, não desanime. Com algumas soluções simples, a sua vida pode melhorar:

1. Alimentação
Alguns alimentos são responsáveis por aumentar a taxa de transpiração. Evite as comidas picantes ou muito condimentadas, cebola, alho e carne vermelha; fique longe da cafeína e do álcool; inclua na sua dieta alimentos naturais, ricos em fibra e água, tais como frutas e legumes.

2. Controlo de peso
Estudos têm mostrado que a maioria das pessoas que sofrem de transpiração excessiva das axilas têm peso a mais. Perder algum peso permite maior flexibilidade do seu corpo e produz menos calor.

3. Hidratação
Beber muita água, pelo menos dois litros por dia. Um bom consumo de fluidos garante um óptimo funcionamento renal e da pele, que se traduz num suor ligeiro e inodoro.

4. Relaxamento
Muitas vezes, a transpiração, nomeadamente das palmas das mãos e das axilas, é causada pelo stress. O alto nível de ansiedade é o culpado habitual nestes casos, por isso, uma das soluções é tentar o relaxamento através da prática de yoga ou meditação.

Novidades
Como resposta a necessidades específicas, cada vez vão surgindo mais fórmulas no mercado dos desodorizantes, onde a inovação é constante. Assim, apresentamos algumas dessas novidades:
Desodorizantes com minerais naturais

Permitem que a pele respire de forma natural, ao mesmo tempo que protegem contra a transpiração e o odor. Combinam o talco, mineral que regula a absorção de água, com óleos essenciais, que protegem a pele contra as bactérias e o odor.
Desodorizantes redutores de pêlos
Para além de cuidarem da pele das axilas, também possuem uma fórmula que, se usada continuamente, deixa os pêlos mais finos e suaves, reduzindo-os de forma gradual.

Bibliografia: "Cosméticos Arte e ciência", da autoria do Professor Eduardo A. F. Barata – Editora Lidel
Fotografia: “Vencer el Estrés”, de Jane Campsie – Dinalivro
Agradecimentos: Clara Baeta e Carlos Baeta, Wu Xing; Carla Leitão, directora técnica da Aroma da Terra