O arroz é uma fonte de substâncias que pode ser utilizada em muitas formulações cosméticas com fins emolientes e protectores. Da sêmola obtém-se o amido, do gérmen um óleo rico em vitamina E, e do processo de descascamento do arroz integral para o branco obtém-se um óleo que contém gamma orizanol, muito usada em cosmetologia.
Com propriedades hidratantes, emolientes e reestruturantes que ajudam a melhorar o aspecto da pele, o arroz oferece antioxidantes naturais que abrandam o envelhecimento prematuro.
História deste cereal
Existem várias versões sobre a origem das primeiras culturas de arroz, embora a mais popular entre os historiadores assinale a China como o primeiro país em que se desenvolveu a cultura do cereal, apesar de reconhecerem que foi na Índia que se encontrou pela primeira vez na sua forma selvagem.
Sabe-se agora que o arroz foi cultivado em Hunan a partir dos anos 8200-7800 a.C., graças ao resultado das análises com Carbono 14 realizadas a grãos de arroz em tigelas descobertas em escavações situadas em Pengtou Xiang. Já antes se tinham encontrado provas da cultura do arroz anteriores a 6000 a.C. na província de Zhejiang, próximo de Hangzhou.
O desenvolvimento das diversas rotas comerciais, que partiam da Ásia para outras partes do mundo, proporcionou a expansão do cereal, dado que o próprio grão serviu como moeda de troca.
O arroz chegou aos países mediterrânicos 350 anos antes do nascimento de Cristo. No século IV a.C. a sua cultura estava muito difundida na Mesopotâmia, graças aos intercâmbios comerciais que o rei persa Dário estabelecera com a China e com a Índia. Os gregos e os romanos também o conheceram, mas mais como planta medicinal do que como alimento.
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Na obra “Dez livros de cozinha”, de Apicius, refere-se a fécula de arroz como mistura para ligar um molho. Foi a partir da bacia do Eufrates e do Tigre que os árabes o introduziram, lá pelo século VIII da nossa era, nas costas espanholas.
A procedência do nome, tal como o conhecemos hoje, provém da palavra de origem árabe “ar-rozz”. Depois de os árabes o terem implantado em Espanha e, dali, em toda a Europa, o arroz continuou o seu caminho e atravessou o Atlântico, para ser introduzido no continente americano.
O seu progresso não abranda e na actualidade ainda continua a fazer história. É em 1912 que uma empresa arrozeira revoluciona o mercado, lançando a primeira embalagem de arroz, dirigida ao consumidor com o peso de um quilo, desta forma chegando a todos os lares do mundo. Hoje em dia, cultiva-se em mais de 42 países.
Como reconhecimento da sua vital importância e da sua trajectória histórica e humana, a ONU proclamou 2004 como o Ano Internacional do Arroz (Resolução 57/162 de 28 de Janeiro de 2003).
Substâncias utilizadas em cosmética
Gamma Orizanol
Tem a estrutura de uma hormona, mas não produz efeitos colaterais, segundo ficou demonstrado em amplos estudos clínicos. Demonstra grande eficácia na recuperação do cansaço e na cura de mal-estar hepático.
Do ponto de vista bioquímico, tem efeitos similares aos da vitamina E, dado que previne a oxidação das gorduras. Além disso, absorve os raios ultravioletas com três picos de absorção a 231, 291 e 315 nm. E é a esta última característica que se deve a sua utilização em cosmetologia.
Tal como se indica no Registo Oficial Japonês de Patentes, a espessura de uma solução de óleo que contém 3% de Gamma Orizanol absorve por completo os raios UV de 320 a 2000 nm. E mais de 90% dos de 297 e 254 nm.
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Estas últimas longitudes de onda são responsáveis pelas queimaduras solares, daí a importância e a peculiaridade da Gamma Orizanol na prevenção das mesmas. Utiliza-se, assim, como protecção pontual na formulação de produtos solares e não solares destinados ao cuidado de epidermes muito delicadas e, por vezes, demasiado sensíveis aos filtros normais de síntese.
O Gamma Orizanol não se utiliza apenas para o filtro total. Actualmente, elaboram-se à base de arroz produtos anti-idade, solares e tonificantes.
Fécula de arroz
A fécula de arroz utiliza-se há séculos na elaboração de produtos cosméticos. O pó de arroz começou a utilizar-se em França no início do século XX para tratar imperfeições da pele.
Hoje atribuem-se-lhe importantes qualidades antienvelhecimento graças ao seu conteúdo em antioxidantes naturais, que ajuda a evitar que a epiderme se danifique por oxidação. Além disso, actua como adstringente em peles oleosas, que explica a sua incorporação em linhas de cuidados para peles jovens. A estas propriedades temos de acrescentar a sua acção hidratante e suavizante, que melhora a flexibilidade da pele.
Água de arroz
No Japão, as mulheres utilizam água de arroz para recuperar as peles mais secas e a casca para esfoliações. Entre as propriedades deste cereal podemos destacar o seu alto conteúdo em lípidos.
Óleo de arroz
O óleo de arroz possui uma composição similar aos óleos naturais da pele, que permite que seja melhor tolerado. Também contém altos níveis de vitamina E e ácidos gordos.
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Algumas marcas criaram rituais que usam as propriedade do arroz. O exemplo disso é um esfoliante indiano usado num ritual de relaxamento único, inspirado nas propriedades do arroz e dos seus efeitos na pele.
Graças à forma arredondada das partículas do arroz, que podem ser adicionadas a um creme base de forma a criar um cuidado esfoliante à medida do cliente, é particularmente indicado para peles sensíveis e delicadas, tornando-as sedosas.
As minúsculas partículas do arroz usadas nestes tipo de esfoliação indiana, combinadas com um creme base nutritivo, removem as células mortas da pele, aumentando a sua luminosidade e suavidade. O resultado é uma pele perfeitamente renovada, hidratada e nutrida, com uma luminosidade extraordinária.
O creme base utilizado com as partículas do arroz poderá conter ingredientes vegetais activos seleccionados que nutrem em profundidade a pele, tais como: manteiga de karité, que tem propriedades eudérmicas; óleo de jojoba, que cria uma camada protectora de longa duração na pele; esqualeno, um derivado natural do azeite, que ajuda a manter a hidratação da pele, protegendo-a contra o envelhecimento prematuro.
Texto: Stela Martins
Agradecimentos: Confort Zone
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