Nesta escolha, o adolescente não opta só pelo percurso académico/formativo ou por uma atividade de trabalho, mas também por um estilo de vida, rotina e ambiente, ou seja, decide não só o que quer fazer, mas o que quer ser. Assim, é natural que nesta fase surjam dúvidas, conflitos e ansiedade, que caso se deixem arrastar muito tempo poderão traduzir-se na necessidade de consulta psicológica. Hoje em dia, assiste-se também a uma pressão cada vez maior para o sucesso económico num mundo cada vez mais competitivo. Estas dificuldades antecipadas podem gerar sentimentos de indecisão, insegurança e medo.
Além da expectativa do próprio jovem quanto à sua vida futura, existe também a expectativa familiar. Os pais depositam desejos, sonhos, fantasias nos filhos desde o momento em que eles nascem, o que é normal. Contudo, muitos jovens chegam a sentir-se “obrigados” a seguir determinada carreira porque este é o sonho de seus pais, o que poderá gerar frustração e revolta, dificultando o processo de autonomia.
Torna-se crucial que este processo de tomada de decisão seja consolidado com informações sobre as aptidões e interesses pessoais, as opções disponibilizadas pelas instituições de ensino e formação e as vantagens e desvantagens que cada percurso acarreta.
Há cada vez mais jovens a optarem por um Gap Year (“ano de intervalo”) entre o término do ensino secundário e o acesso ao ensino superior por forma a maturarem o seu futuro profissional. Durante nove meses a um ano fazem uma pausa na sua vida quotidiana, experimentam atividades do seu interesse e muitos viajam. Este período, se bem aproveitado, pode ser muito enriquecedor para o autoconhecimento, a autoconfiança, autonomia e promover uma escolha vocacional mais refletida.
Como tomar esta decisão vocacional?
1º Pensa no que gostas de fazer, no que sabes fazer, no que aprendes com mais facilidade, nas tuas experiências e como visualizas o teu futuro.
2º Conversa com conhecidos que tenham as profissões que tenhas identificado. Pergunta-lhes pelo percurso que fizeram até terem essa profissão, pelo seu dia-a-dia, condições de trabalho, atividades e instrumentos da profissão. Se possível, faz um pequeno estágio.
3º Faz pesquisas na Internet sobre essas profissões e sobre os percursos universitários ou formativos necessários para as desempenhar. Imagina-te daqui a dez anos em cada uma dessas profissões e analisa as suas vantagens e desvantagens.
4º Visita feiras de emprego e formação e navega nos sites institucionais (e.g. www.dges.mctes.pt/DGES/pt/Estudantes/Acesso, www.infocursos.mec.pt ).
5º Se precisares de ajuda neste processo, faz a tua orientação vocacional. Este é um processo, conduzido por profissionais de psicologia, que através da pesquisa e análise de provas de interesses, aptidões e personalidade, fornece algumas orientações sobre o percurso académico e profissional aconselhado bem como estratégias de autoconhecimento e pesquisa. O psicólogo não toma a decisão, mas apoia no processo.
Catarina Barra Vaz
Psicóloga Clínica
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