Cada família tem a sua forma de viver o Natal, mas com certeza que todas têm as suas tradições. E em muitas delas, a reunião familiar faz parte desses mesmos rituais. Muitas vezes, é precisamente nesta altura do ano, que a família toda se reúne. Mesmo aqueles que vivem mais longe, mesmo aqueles com quem convivemos só nesta época, juntam-se para partilharmos estes momentos. E normalmente todas as crianças adoram o Natal. Por tudo o que esta quadra significa – a magia do Pai Natal, a família reunida, os doces, as brincadeiras, o aconchego, o calor humano.
Este ano muitas famílias vão optar por não passar esses dias com a família alargada, passando assim os festejos natalícios com o seu núcleo familiar. Estas opções, que cabem a cada família fazer, tendo em conta a maior segurança para todos aqueles de quem mais gostam, fará com que muitos avós e netos não passem juntos a véspera e o dia de Natal, tal como sempre fizeram.
Muitos pais questionam-se sobre as melhores estratégias para explicar às crianças que este Natal será diferente e que os avós, tios e primos não vão estar presentes fisicamente. Adotar estas sugestões pode ajudar:
Explique o motivo
Quando as situações são explicadas com honestidade e franqueza, as crianças, geralmente, compreendem-nas e aceitam-nas. Isto aconteceu com a maioria delas, por exemplo, no que respeita ao uso da máscara. Percebendo o motivo pelo qual a estão a usar, tudo se torna mais fácil. O mesmo se poderá passar, se explicar aos seus filhos com verdade e tranquilidade o porquê deste Natal ser diferente e poderem, em muitos casos, não estar com os avós e restante família próxima. Eles entenderão, embora possam ficar um pouco frustrados ou tristes.
Deixe que os seus filhos coloquem as perguntas e dúvidas que têm, perguntando-lhes: “Queres fazer alguma pergunta à mãe/pai sobre como vai ser o Natal?”
Aprenda a gerir as emoções
Acolha as emoções que os seus filhos possam manifestar, como a frustração, a tristeza, a ansiedade, de forma tranquila. Deixem que eles as exprimam e ajudem-nos a encontrar formas adequadas de as ultrapassar. Mostrem que são o seu apoio incondicional, e eles sentirão o aconchego de que precisam.
Para os pais, é tão ou mais difícil do que para as crianças, passarem o Natal afastados da família. É natural sentirem-se desiludidos, frustrados, tristes. Tentem não se deixarem controlar por estas emoções, pois os filhos, muitas vezes, espelham as emoções dos pais. Com isto não quer dizer que não possam fazer um comentário em que exprimam as vossas emoções como “Tenho pena de não estar com a família toda reunida”. Mas não deixem que estas emoções vos controlem, pois os vossos filhos sentirão o mesmo.
Tire partido das novas tecnologias
Felizmente as tecnologias de comunicação à distância existem para poderem estreitar laços nestas ocasiões. Aproveite o entusiasmo que geralmente as crianças sentem por estes meios de comunicação e façam com que a família esteja mais próxima. Utilize as videochamadas e os telefonemas, para partilharem o Natal em família, à distância.
Mantenha as tradições
Manter o espírito natalício no lar é importante. Façam os doces em conjunto, ouçam músicas de Natal, escrevam postais para a família para mais tarde entregar, façam jogos, aconcheguem-se uns aos outros. Se existir boa disposição e paz, os vossos filhos estarão bem.
Podem também fazer em conjunto planos para o futuro. Pergunte aos seus filhos: “O que gostarias de fazer quando voltares a estar com o avô/avó?” Pensar em algo bom que poderá acontecer no futuro, ajuda a passar um momento presente mais desafiante.
Esteja atento a alterações de comportamento
Estes são tempos diferentes, vividos pela primeira vez por todos nós. As crianças, tal como os adultos, podem sentir estas mudanças, por vezes manifestando algum mal estar. Esteja atento ao comportamento do seu filho, ao que ele lhe diz mas sobretudo ao que não diz. Mudou alguma coisa nos últimos tempos? Está mais agressivo, mais ansioso, isola-se mais, perdeu o apetite, come demais, sente dificuldades em adormecer, acorda a meio da noite, tem pesadelos, baixou os resultados escolares? Todos estes podem ser indicadores que o seu filho precisa de ajuda. Não hesite em procurá-la. A psicologia pediátrica é uma especialidade a que pode recorrer nestas situações. As unidades de saúde e os seus profissionais estão preparados para garantir a maior segurança nos serviços prestados. Não adie uma necessidade de ajuda.
Um artigo de Mariana Saraiva e Prata, Psicóloga no Centro da Criança e do Adolescente do Hospital CUF Porto.
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