A secretária de Estado Adjunta e da Educação, Alexandra Leitão, anunciou em direto, esta manhã, no programa Fórum TSF, que o Ministério da Educação vai contratar mais mil funcionários para as escolas portuguesas.

"Nós vamos já hoje autorizar - e isto está a ser trabalhado com as Finanças há algum tempo - a contratação de mil assistentes operacionais para as escolas portuguesas. Mais mil assistentes operacionais", sublinhou a governante.

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Alexandra Leitão garante que estes funcionários não terão vínculos precários com os estabelecimentos de ensino. "Sublinho que são assistentes operacionais a contratar a tempo indeterminado", afirma.

"Não estamos a falar nem de tarefeiros nem de contratos a tempo parcial. Estamos a falar de pessoas que entrarão nos quadros da Função Pública em contrato por tempo indeterminado", acrescentou.

É uma boa notícia que vínhamos pedindo há vários anos

Escolas fechadas

Ainda esta semana, uma escola em Gaia, esteve encerrada por falta de auxiliares. O estabelecimento de ensino, com 200 alunos, localizado em Vilar Paraíso, não abriu durante dois dias por falta de funcionários.

Na semana anterior, um protesto de auxiliares encerrou 11 escolas do Agrupamento Alto dos Moinhos, em Sintra.

Por todo o país tem havido paralisações e protestos contra a degradação das escolas e a falta de funcionários.

Uma escola que usa plantas para integrar crianças com necessidades especiais
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Em Canelas, por exemplo, têm sido os alunos e professores a garantir o cumprimento de tarefas geralmente atribuídas aos funcionários não letivos, como a limpeza dos pavilhões, a vigilância da escola e a preparação de refeições, refere a TSF.

Problema generalizado

Em maio de 2018, um estudo da Associação Nacional de Diretores de Agrupamentos e Escolas Públicas (ANDAEP) revelava que oito em cada dez diretores escolares queixam-se da falta de assistentes operacionais.

Segundo o relatório, ao qual responderam 176 diretores, quase metade destes funcionários das escolas tem mais de cinquenta anos e apenas 1% ganha mais de 650 euros.

Em declarações à Lusa, o presidente da Associação Nacional de Diretores de Agrupamentos e Escolas Públicas (ANDAEP), Filinto Lima, saudou a medida hoje anunciada por Alexandra Leitão.

“Ficámos agradavelmente surpreendidos com a notícia da chegada às escolas destes funcionários. Andávamos a pedir há já muito tempo mas não víamos a luz ao fundo do túnel. Agora pedimos que a chegada destes novos funcionários seja rápida”, afirmou Filinto Lima.

A medida dos ministérios da Educação e Finanças é uma resposta às inúmeras queixas de diretores que, em alguns casos, já tiveram de encerrar serviços destinados aos alunos – como bar, biblioteca ou ginásios - ou mesmo que encerrar a escola por falta de funcionários que garantissem a segurança dos estudantes.

Antes do terceiro período?

A ANDAEP espera que os funcionários cheguem às escolas antes do terceiro período: “Esperemos que o concurso seja célere e a medida seja exequível ainda este período”.

Filinto Lima diz que só na próxima semana saberá se os mil funcionários serão suficientes para colmatar as falhas sentidas em todas as escolas.

É que neste momento está a decorrer um inquérito junto dos 811 diretores escolares para perceber as reais necessidades de cada estabelecimento de ensino.

“As escolas podem ter os funcionários definidos na lei de rácios, mas depois ter muitos que estão doentes, em casa, em baixa há vários meses ou mesmo anos”, explicou, acrescentando que os resultados do inquérito serão conhecidos na próxima semana.

Outra das boas notícias salientada por Filinto Lima é a criação da bolsa de assistentes operacionais que deverá permitir aos diretores escolares substituir os funcionários que fiquem doentes. “É uma boa notícia que vínhamos pedindo há vários anos”, afirmou.

notícia atualizada às 11h32