A bermuda e a erva-de-santo-agostinho são os tipos de relva mais comuns nos jardins privados. Se o seu relvado é composto por uma dessas relvas de verão, então é altura de fazer uma adubação destinada a dar-lhe os nutrientes necessários a um alto nível de armazenamento de substâncias de reserva nos seus rizomas, para que respondam rapidamente à saída de dormência na próxima primavera.
Uma adubação com um adubo com uma relação de Azoto (N), Fósforo (P) e Potássio (N) de 1:2:1, será o ideal. Não se esqueça que deve cortar a relva antes da adubação e regar, caso não chova, logo após a execução da mesma. Deve continuar a cortar a relva, embora com menor frequência, enquanto esta mantiver a sua atividade.
Se o seu jardim está situado numa zona onde a relva entra completamente em dormência, então nessa altura despeça-se da necessidade de a cortar até à próxima primavera. A dormência de uma relva de verão permite a eliminação de infestantes, sejam de folha larga ou gramíneas, de forma muito mais fácil e menos preocupante. Esta é uma das grandes vantagens deste tipo de relvas.
Operações aconselhadas
Não deve escarificar ou fazer verticut numa relva de verão nesta altura do ano, mesmo se a altura de manta morta ou feltro o justifiquem, já que esta operação necessita da relva em período de crescimento ativo. A sua realização agora, a não ser que seja para ressemear a sua relva de verão com uma espécie de relva de inverno para assegurar um coberto verde durante o inverno, é desaconselhada.
Já que a relva não consegue responder com agressividade suficiente para evitar a instalação de infestantes, deve adiar-se essa tarefa. Se o seu relvado é composto por relva de inverno (Festuca sp. Poa pratensis e Lolium perenne), então as operações aconselhadas de preparação da relva para o período de outono e inverno são mais numerosas.
Se o seu relvado composto por relva de inverno tiver sofrido desgaste no verão e nas alturas de maior calor e estiver com zonas peladas ou pouco densas, então há que escarificar, à semelhança do que foi recomendado para a primavera e ressemear todas estas zonas.
Se as zonas a necessitarem de intervenção forem muito espalhadas no relvado e não estiverem muito concentradas, deve escarificar ou fazer um verticut a todo o relvado, ressemeando com um terço da dose recomendada para a sementeira as zonas mais preenchidas e a dose completa as zonas menos densas ou peladas.
A operação seguinte no seu relvado deve ser uma adubação com adubo ternário do tipo 2:1:2 ou 3:2:3. No caso das escarificações de outono é aconselhada a aplicação de uma fungicida que funcione quer preventivamente quer curativamente, como é o caso da azoxistrobina, para finalizar esta operação de recuperação do seu relvado.
Veja na página seguinte: Os cuidados a ter com as regas e com as pragas
Regar sem encharcar
Caso a chuva não se instale de forma consistente, deve continuar a regar o seu relvado sem criar fenómenos de encharcamento mas tendo o cuidado de não provocar stresse hídrico nas plantas recém germinadas, já que estas não têm a resistência das plantas maturas. Durante o período de outono/inverno, a rega deve ser apenas para manter o solo com humidade suficiente para que a sua relva não manifeste sintomas de seca, caso a pluviuosidade natural da época não seja suficiente.
Na relva de inverno, mais popular entre nós, a mistura maioritária de Festuca arundinacea com Poa pratensis, com ou sem Lolium perene, o típico enrolar das folhas da Festuca arundinacea que provoca manchas de verde mais escuro no relvado, é um excelente indicador já que permite a rápida recuperação da relva, quando falamos de relva já instalada bem entendido.
A frequência de corte do seu relvado também diminui no período de outono/inverno e apesar de não dever cortar a relva molhada e muito menos se o terreno estiver encharcado, pelos danos que a máquina de corte provoca no relvado, deve manter atenção aos períodos de abertas por forma a atingir um nível de manutenção que lhe permita manter o seu relvado cortado, a uma altura de corte no máximo 0,5 a 1 cm acima do que a altura de manutenção no período de primavera/verão.
Atenção às pragas
O período de outono é propício aos ataques de pragas sendo especialmente importantes os danos de larvas de escaravelho, tipo Melolontha sp. e lagartas da família das Noctuidae. A sintomatologia destas pragas no relvado é semelhante a olho nú, manchas de seca sem contornos definidos e em zonas onde não há qualquer razão para existirem e sem qualquer tipo de manchas indicadoras da presença de fungos, nas folhas.
A presença de pássaros, que alimentam de larvas, nestas zonas é também um indicador da possível presença destas pragas, embora uma população de minhocas possa também atrair pássaros. Uma maneira de despistar se temos uma ataque de larvas de escaravelho ou de lagartas é puxando a relva seca.
O que fazer para acabar com as lagartas
Se o relvado se deixa arrancar quase sem resistência então o mais certo é encontramos larvas de escaravelho que lhe comem as raízes, já que as lagartas comem a zona da coroa das plantas Um teste realizado com uma mistura de água com sabão líquido da louça espalhada com auxílio de um regador munido de espalhador, na zona das manchas ajuda a vir à superfície as possíveis lagartas. Os níveis económicos de ataque, ou seja número de exemplares a partir do qual se justifica um tratamento, são de três larvas de escaravelho/m2 ou cinco lagartas de Noctuidae/m2.
Cuidados necessários
Estes são algumas das recomendações a ter em conta para preservar a saúde do seu relvado:
- As relvas de inverno devem ser adubadas durante o inverno de acordo com o tipo de adubo escolhido. Assim, adubos de libertação lenta, de libertação controlada ou de libertação imediata terão intervalos de aplicação recomendados de períodos tão diferentes como doze, oito ou quatro semanas, respetivamente.
- Atenção ao estado das facas do seu corta relva. Não se esqueça que um corte que provoque o esgaçamento das folhas é porta aberta à entrada de inóculo de fungo na sua relva.
Texto: Ana Caldeira Cabral (engenheira agrónoma)
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