Como podemos aproveitar toneladas de resíduos que diariamente aumentam a poluição ambiental? A pensar nesta questão, uma equipa de cientistas do Centro de Engenharia Biológica (CEB) da Universidade do Minho procurou perceber como explorar ao máximo a matéria orgânica gerada pelos setores agroalimentar e florestal. A solução, concluíram, está no aproveitamento destes resíduos para a produção de biocombustíveis, alimentos sustentáveis e embalagens funcionais, ou seja, que melhoram a conservação de produtos alimentares.

Para tal, os investigadores estão a desenvolver tecnologias ecológicas que visam a extração de matérias-primas (celulose, hemicelulose e lignina) dos resíduos de diversos setores da agro-indústria e florestais, que irão permitir o desenvolvimento de novos produtos e aplicações de alto valor, inovadoras e amigas do ambiente.

“Considerando a grande quantidade de resíduos gerados nos diversos setores da agro-indústria e florestais, a exploração destes materiais para o desenvolvimento de produtos de alto valor tem uma grande importância na gestão e redução do seu depósito nos aterros e na sua valorização enquanto recurso renovável”, explica José Teixeira, investigador responsável por este projeto no CEB, entidade coordenadora do estudo em parceria com a Universidade de São Paulo - Faculdade de Filosofia, Ciências e Letras de Ribeirão Preto - Departamento de Biologia do Brasil.

Centro de Engenharia Biológica (CEB) da Universidade do Minho
Centro de Engenharia Biológica (CEB) da Universidade do Minho Centro de Engenharia Biológica (CEB) da Universidade do Minho

O uso eficiente e seguro destes resíduos traz, na perspetiva da promoção economia circular, não só uma série de benefícios ambientais, como também económicos, uma vez que a implementação destes processos tecnológicos diferenciadores ajuda, por exemplo, a revalorizar uma produção ecológica derivada de excedentes naturais, promovendo um desenvolvimento sustentável.

“A otimização da utilização destes recursos naturais e destas matérias-primas constituirá um elemento central para contribuir para um crescimento das indústrias amigo do ambiente, inovador e de valorização económica dos processos”, sublinha o investigador.

O projeto, que deverá estar concluído em 2022, chama-se EcoTech, e pretende ainda ser uma resposta à acumulação de detritos florestais provocada pelas centenas de incêndios que Portugal enfrenta anualmente.