O trabalho que tem atualmente está longe de ser aquele com que sempre sonhou e esta situação está a deixá-lo cada vez mais infeliz? Está longe de ser um caso único. Mas será que o seu estado de espírito e a postura que tem vindo a adoptar também não estarão a contribuir? Comece por analisar até que ponto é que o (mau) estado das suas relações laborais é ou não culpa sua. É uma reflexão que se impõe.

É que, como nos contou Gil Schwartz, que assinou como Stanley Bing o provocador livro «Lançar o elefante – Zen e a arte de ter o chefe na mão», publicado em Portugal pela editora Lua de Papel, «a maioria das pessoas é o seu pior inimigo, o que até pode ser melhor do que ter os outros a cumprir esse papel». Afinal, se não é possível mudar os outros, podemos sempre melhorar o nosso comportamento.

Ainda mais se tivermos em conta que «se queremos um local de trabalho aberto, amistoso e generoso temos de começar por agir dessa forma», diz Tal Ben-Shahar, o famoso professor de Harvard especialista em felicidade. Para tal, antes de mais, seja honesto consigo mesmo. «Se sabe que pode fazer algo para melhorar as relações e não o faz, então tem culpa», refere o especialista.

«Identifique algo que valha a pena reconhecer nos seus superiores hierárquicos e colegas e reconheça-o», afirma Adelino Cunha. «Perdoe os seus colegas e faça-lhes o que gostaria que lhe fizessem a si», aconselha o consultor. «Seja paciente e persistente, mas não faça o que os outros acham, mas sim o que acredita que é correcto», acrescenta ainda o especialista.

Torne-se visível

Nesta altura, muito provavelmente estará a pensar mas o que é que eu tenho a ganhar com isto? A pergunta é pertinente. Para além de um melhor ambiente de trabalho, irá receber um empurrão para deixar de ser «invisível» no seu emprego, o que segundo Keith Ferrazzi, distinguido pelo Fórum Económico Mundial como Global Leader of Tomorrow, é «pior do que o fracasso».

«Se se empenhar diariamente em criar relações genuínas é impossível ser invisível. Quando as pessoas souberem quem é e passarem a preocupar-se consigo tornar-se-ão os seus embaixadores, divulgando os seus sucessos sem que tenha de o pedir», sublinha. Promover o sucesso dos outros é também uma atitude inteligente. «Quantas mais pessoas tiver do seu lado, mais pessoas terá para a apoiar a alcançar os seus objetivos», acrescenta.

Os cuidados a ter com os mexericos

Quanto aos mexericos, cuidado, alerta Keith Ferrazzi. «São como a série sobre as donas de casa desesperadas, entretenimento barato que nos permite escapar para os problemas dos outros e não enfrentar os nossos. Mude a conversa para um tópico positivo, sem criticar», recomenda. Se o tema for «dizer mal da tartaruga», que você representa, experimente a dura técnica de Gil Schwartz.

«Se ouço alguém lançar um rumor sobre mim, torturo-a um pouco, brinco ao gato e ao rato», afirma. «Nesse caso, as pessoas devem sentir que é perigoso meter-se consigo ou acabará como a [cantora] Britney Spears», acrescenta ainda. Descubra ainda as estratégias para minimizar os efeitos do stresse na vida profissional. Saiba também como ser mais feliz no trabalho com a ajuda de… plantas!

Texto: Nazaré Tocha e Rita Caetano com Adelino Cunha (consultor), Amy Wrzesniewski (professora de comportamento organizacional), Gil Schwartz (vice-presidente executivo de comunicações da CBS), Keith Ferrazzi (CEO da Ferrazzi Greenlight), Pierre Farbus (key account manager da Transitar), Lee Hecht Harrison Richard Templar (consultor), Sandra Costa (coach) e Tal Ben-Shahar (professor de psicologia positiva)