Sabemos, pela nossa experiência empírica, que nunca iremos eliminar o medo das nossas vidas.

O medo faz parte da nossa biologia, das estruturas e das ligações neurológicas do cérebro, e ao longo da evolução do ser humano tem servido como uma armadura e também como um aliado para a sobrevivência. Todavia, continuamos a achar que a melhor forma de lidar, ou melhor enganar o medo é negar os sentimentos. Negar o medo é sinónimo de auto engano.

Algumas das afirmações mais comuns que ouço nas consultas:

“Medo?! Eu?! Não tenho medo nenhum…” Negar.

“O medo é um sintoma da fraqueza. “ Preocupação.

“Um homem não tem medo e não mostra os sentimentos.” Negar.

“Se eu revelo que tenho medo, as pessoas vão criticar-me, e se calhar tirar partido disso em seu favor e posso sair prejudicada.” Preocupação.

Na minha opinião, a problemática sobre o medo reside precisamente na sua negação. Como costumo dizer, as prisões e os hospitais estão cheios de pessoas que negam o medo. Fomos educados a reprimir e a racionalizar, somos vítimas do medo. Na realidade, na literacia emocional, precisamos de fazer precisamente o oposto. 1- Identificar o medo. 2- Conhece-lo. 3- Enfrenta-lo. 4- Atenua-lo. 5 - Reduzi-lo à sua insignificância.

Por outro lado, como vítimas do medo o que é que fazemos? Culpamos os outros, somos violentos, ciumentos, fazemos ameaças, desenvolvemos todo o tipo de pensamentos bizarros, procuramos agradar aos outros, a todo e a qualquer custo, evitamos o auto conhecimento, renunciamos à auto estima e ao amor-próprio, à intimidade nos relacionamentos, alimentamos crenças cognitivas disfuncionais que boicotam a criatividade e a intuição.

O medo pode ser uma fonte de motivação resiliente com um propósito; coragem

Se despendermos demasiada atenção e energia, na vigilância e na precaução, reduzimos as probabilidades de reconhecer o perigo real e podemos ficar mais exposto a ele.

O resultado final dos nossos medos pode ser favorável ou desfavorável.

O medo é um sinal que apela à sobrevivência e que soa apenas na presença do perigo real. Visto criarmos os nossos próprios medos, cabe a nós elimina-nos. Este trabalho é pessoal, caso queiramos viver uma vida plena. A nossa segurança começa em nós mesmos.

Sentir medo é OK, estamos vivos.

João Alexandre Rodrigues

Addiction Counselor

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