Há quem sinta solidão, desamparo e falta de esperança, com pouco vislumbre da felicidade que parece transbordar em quem rodeia. É o Christmas Blues, comum no mês de dezembro até pouco depois do inicio do ano seguinte. Um estudo da Universidade de Cardiff, considera a terceira segunda feira do ano como o dia do ano no qual as pessoas se sentem mais tristes, facto explicado pelas condições meteorológicas, possíveis dívidas decorrentes da época de Festas e resoluções de Ano Novo que não estejamos a conseguir cumprir.
Na época natalícia, feridas existentes, provocadas por lutos de ente queridos, término de relacionamentos, relações familiares insatisfatórias, poderão abrir-se de novo e provocar dor e tristeza. Relembrar amigos e familiares que já não fazem parte do quotidiano ou confrontar-se com dinâmicas familiares muito diferentes do que se idealiza aumenta o stress típico desta época festiva. As expectativas dos outros são altas, existindo pressão social e familiar, especialmente de quem tem filhos, o que leva muitas destas pessoas a tentar esconder esta tristeza para não estragar a festa, não se permitindo entristecer. Há igualmente quem seja mais sensível à estação do inverno, particularmente à diminuição da quantidade e intensidade da luz solar.
Geralmente, no final do ano, faz-se um balanço do ano que passou e projetam-se metas para o seguinte, alguns deles, quando irrealistas, poderão repetir-se, ano após ano, gerando a sensação de fracasso.
Como vimos, existem inúmeros motivos (afetivos, ambientais e biológicos) que podem despoletar o Christmas Blues, que tem como principais sintomas: fadiga; dificuldade em tomar decisões; diminuição da capacidade de concentração; insónias ou hipersónias (dormir mais horas do que o habitual); alteração do peso e do apetite; sentimentos de culpa, incapacidade, fracasso, perda ou abandono; tristeza intensa com choro fácil; diminuição do interesse em atividades que anteriormente proporcionavam prazer
O que fazer?
• Apanhe sol. A luminosidade tem impacto positivo no estado de humor.
• Cuide da sua saúde. Faça exercício físico, coma e beba com moderação, não se esquecendo, no entanto, de saborear os alimentos que lhe dão prazer.
• Ajuste as suas expetativas, não se iluda com prendas, festas e cenários perfeitas e idílicas, que na maioria das vezes só existem nos cartões de Natal.
• Permita-se estar triste ou saudoso. São sentimentos normais da época natalícia, especialmente se experienciou perdas recentes.
• Partilhe o que sente com os seus familiares. Além de lhe tirar um peso dos seus ombros, permitirá que eles o entendam e se ajustem às suas necessidades, assumindo por exemplo, algumas das suas habituais tarefas.
• Geralmente este tipo de sintomatologia desaparece quando se retoma a rotina usual anterior à época natalícia. Se este quadro se repete, ano após ano, ou se os sintomas persistirem e agudizarem, com graves alterações no sono, apetite e até mesmo ideação suicida, procure ajuda psicoterapêutica.
Catarina Barra Vaz
Psicóloga Clínica
Psinove – Inovamos a Psicologia
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