A Ciência diz-nos que ao sinal de stress (medo = ataque ou fuga) uma substância química, de nome feromónio, é libertada na transpiração sem que tenhamos consciência disso. E esse odor também é percebido inconscientemente por outras pessoas, bem como pelos animais instintivamente.
É historicamente comprovado, diz o relatório de um banco suíço, que “quando os cortes aumentam e ultrapassam 2% do PIB, chegando mesmo até 5% do produto interno bruto, o número e a gravidade dos acidentes causados por tumultos sociais aumenta”.
As emoções ganham carácter sistémico e contagioso na dinâmica social. Se todos riem, choram ou se irritam, isso contagia um grupo, imputando uma forma a agitação social no sentido de resolver aquilo que nos causa “medo” – atacando ou fugindo, mas sem saber “o quê”.
O medo é um instinto básico que nos prepara para o que não conhecemos. Cada um de nós aprende com o medo a evitar o perigo da destruição da matéria - você mesmo - ou pode morrer pela alta dosagem da mesma emoção. O grau e intensidade do medo dependerão de uma série de mudanças internas e fisiológicas decorrentes desse nível de compreensão sobre esses medos.
Resolver o medo
O medo é um programa que contém uma evolução de muito desenrolar de problemas resolvidos (ou não), grau e intensidade ao risco, forma, peso, cheiro e dinâmicas próprias geradas por aprendizagem empírica por cada individuo. São experiências arquivadas na memória celular, passadas pelos nossos antecessores para contribuir com a sobrevivência da espécie.
E como qualquer programa, você instala e desinstala ou modifica o seu significado, ou seja, você aprende a ter medo e também “desaprende” a ter medo de qualquer coisa, ou melhor, você aprende a resolver aquilo que o leva à emoção de “congelar as suas ações” ou a “atacar de forma irracional” tudo, por puro medo.
Emoção – do latim movere – significa mover-se, agitar-se, movimentar-se. Dependendo da intensidade da experiência vivida por cada um, o medo pode paralisar, congelar ou até “tirar-nos de cena” - desmaiar. Perdemos o medo a partir do momento em que temos controlo sobre as nossas expectativas em relação àquilo que tememos. É interessante notar que o medo quase sempre se refere a eventos futuros, baseados muitas vezes na pouca experiência pessoal, mas que foi adquirida por experiências de um grupo de vivência (família) ou por um instinto nato.
As crianças têm medo da escola no seu primeiro dia, pois têm receio de que os seus pais não regressem para as levar para casa. Um medo legítimo, pois só uma parte (quem ama a criança) sabe que isso não acontecerá de forma alguma e, com o passar dos dias essa “sensação de abandono” sentida pela criança cessará, tornando-a mais forte para experiências semelhantes. Mas se realmente o medo de abandono da criança for confirmado, essa experiência ficará registada por um longo tempo para eventos futuros semelhantes de forma inconsciente. Ser abandonado é algo marcante na vida de qualquer um.
Muitas pessoas têm medo de entrar num avião, mesmo que nunca tenham viajado num, ou apenas poucas vezes, mas mesmo com medo podem acostumar-se a sensações estranhas como a descolagem ou a turbulência. Aprendemos o que esperar tendo a chance de ver o que os outros fazem para relaxar e desfrutar do voo.
Catsaridafobia ou Katsaridaphobia
Um exemplo que se aplica a muitas pessoas é o medo insano de baratas. E o que nos leva a ter medo de baratas? São nojentas e causam doenças? Alguns povos orientais comem baratas cruas ou fritas e não morrem por isso e são povos com o maior número de pessoas no planeta!
A maioria das espécies de baratas alimenta-se de matéria orgânica em decomposição, que retém uma grande quantidade de nitrogénio libertada nas suas fezes que, em seguida, entra no solo e é usada pelas plantas, diz Srini Kambhampati, um dos maiores especialistas sobre o insecto. As baratas são, também, uma importante fonte de alimento para muitas aves e pequenos mamíferos, como ratos e camundongos, e, portanto, uma parte importante da cadeia alimentar. A extinção de baratas teria um grande impacto sobre a biodiversidade no planeta.
Acredita-se que a relação do medo humano a baratas deriva da experiência dos nossos antepassados que conviverem com elas nas catacumbas (cemitérios subterrâneos), nos túmulos com cadáveres onde o ambiente propicia sua proliferação. Talvez a associação entre a emoção sobre a morte e a visão simbólica das baratas envolvendo-se nos cadáveres esteja ancorada e memorizada nas células humanas passadas de geração em geração como a “visão e cheiro da morte” - o que nos afasta do perigo através do medo das baratas (símbolo).
Sintomas do medo
Ainda mal acabou de ler sobre as “baratas” e já se sente algo desconfortável... E porquê? Você trouxe a imagem do insecto para si, e o seu cérebro deu início ao processo para uma atitude e uma ação. Uma vez que o leitor trouxer a experiência à tona, o seu cérebro começará a resposta ao medo, não levando muito tempo para que as mudanças fisiológicas afectem o corpo inteiro e o seu estado de espírito. As hormonas foram injetadas, a sensação que você sente prova isso, mas você não precisará de correr nem de lutar – foi apenas uma imagem criada por si que o levou a essa emoção, e se você mesmo a criou, você mesmo terá o poder de controlar, e de se acalmar.
Entender como esse processo fisiológico age nos nossos corpos e mentes leva-nos a uma experiência de vida mais inteligente e prazerosa resultando em menos sintomas orgânicos (doenças) e controlo, equilíbrio, sobre o seu estado de humor. Estas alterações são controladas por uma parte do sistema nervoso periférico - sistema nervoso autónomo – o qual regula as mudanças automáticas para funções vitais de todo o organismo e, ao sinal de perigo, o cérebro aciona uma injeção de adrenalina no nosso coração com doses correspondentes à sua necessidade de ação, fazendo com que a pressão sanguínea se eleve bombeando mais sangue com mais força nas extremidades e músculos, caso precise de lutar ou fugir de uma ameaça iminente.
Mas se essas hormonas não forem usadas para esses fins – correr ou lutar - irão acumular-se a cada momento de relativo stress no organismo com sobra de “munição” não usada, e isso não é nada bom. Gasolina a mais afoga o carro.
A experiência do medo foi tolhida, inibida, “civilizada”.
Hoje, essa emoção natural tomou outro rumo, outros significados, outras interpretações que limitam a ação de fugir ou atacar mortalmente o que nos ameaça. O medo ganhou outra face, outro significado. Temos medo de perder a liberdade, de perder o poder de controlar as nossas próprias vidas. E então agredimos com palavras, com gestos e muita adrenalina no coração. Tensão alta, dores na coluna, joelho, azias, vista cansada...
Temos medo da dor. Não tão-somente da dor física, pois muita gente é bastante resistente a dores quotidianas, mas a dor subjetiva da perda de identidade, do fracasso pessoal, da culpa por não atender às expectativas da sociedade. Dor do desapontamento, do descobrimento de informações que inevitavelmente nos impelirão a mudar o nosso comportamento ou pensamento sobre acontecimentos ou pessoas. Acabamos por nos sentir deprimimos, ao invés de enfrentar o medo.
Medo da morte, da não existência.
Você tem medo de não existir? Tem medo de perder as pessoas que ama e estão à sua volta? Medo de não poder ter controlo sobre tudo isso? Mas se tem medo do futuro, medo da dor, da solidão, da pobreza, de falhar como ser humano... acredito que você já não existe, é apenas uma sombra, imagens dos seus pensamentos aprisionados em algum arquivo celular junto a muitas baratas!
Vamos em frente... está na hora de abrir a cela e sair daí. Você é livre para pensar, criar, e inventar novas formas, de não ter medo de tudo. Reprograme-se, aprenda a gerir com equilíbrio as suas emoções, pois elas trabalham para si e não você para elas.
«Embora acreditasse estar a aprender a viver, estava a aprender a morrer»
Leonardo Da Vinci
Laura Botelho
Master Pratitioner Neurolinguística (PNL)
Escritora e pesquisadora
Conselheira de bem-estar e saúde pelo método nova medicina germânica
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