Idealmente, gostamos que este período seja agradável, relaxante, familiar e regenerador, física e psicologicamente. Porém, muitos de nós não conseguem aproveitar as férias e todas as coisas boas que elas trazem. Este artigo pretende ser uma ajuda prática para o/a ajudar a ter as que precisa e merece.

1. Desligue-se da tecnologia

Os telemóveis, os tablets, os computadores, a internet, as redes sociais, os emails, as mensagens, as fotografias, os vídeos e outros, fazem parte integrante do nosso dia a dia. Ajudam-nos em muitas situações da nossa vida mas, também, nos podem deixar ansiosos e dependentes dos estímulos que constantemente nos enviam. Porque não tira fotografias “mentais” em vez de usar uma máquina que só o/a impede de sentir a plenitude do momento? Tirarmos fotos desses mesmos momentos apenas para não os perdermos impede que os vivamos realmente. Experimente passar períodos longe da tecnologia e repare nas diferenças.

2. Deixe o trabalho no respetivo local: o seu trabalho

Evite, a todo o custo, trabalhar ou contactar com trabalho durante o seu período de descanso. Delegue o que for necessário e termine tudo o que for possível de terminar na sua atividade profissional, antes de ir de férias. Diga “não” e coloque limites nas solicitações que poderá receber em férias, por mais pequenas que surjam. O seu cérebro precisa disso para regressar criativo e enérgico. E a sua família e amigos também.

3. Deixe alguns dias de férias por planear

O nosso dia a dia é repleto de marcações, reuniões e planeamento. Tendemos a organizar ao máximo as atividades e, assim, sentirmos uma maior sensação de controlo sobre um tempo que nos parece, na maioria das vezes, escasso. E tendemos a levar essa mesma perspetiva para as férias. Num ápice, preenchemos todo o tempo com marcações e atividades que “temos” que fazer. A questão é que não “temos” necessariamente de as percorrer todas. As férias são o momento ideal para nos dedicarmos ao que gostamos. Precisamos de estar longe da estrutura rígida e, simplesmente, viver o momento e estarmos abertos à novidade e ao imprevisto. Nem que seja, não fazendo nada.

4. Não deixe que o relógio o/a controle

Como referido em cima, tendemos a manter em férias muitos dos nossos hábitos do quotidiano. Por exemplo, sermos “escravos” do relógio. O “tempo cronológico” influencia o nosso “tempo psicológico”: a ansiedade é um bom exemplo disso. Para a sua mente estabilizar, guarde períodos de tempo em que está longe das horas e dedique-se a aproveitar cada segundo. Seja a dar um bom mergulho, seja a jantar com amigos, seja a dar um passeio, seja deitado/a ver as nuvens.

5. Atenção a tudo o que leva para férias: poderá não precisar de metade

O ritmo rápido e a ansiedade podem impelir-nos a pensar em imensas possibilidades para as nossas férias. Ficamos preocupados por antecipação e procuramos dar resposta a todas as eventualidades (por exemplo, a roupa que levamos). Esta preocupação pode resultar mais do nosso estado de cansaço do que de factos e necessidades reais. Leve o absolutamente necessário e abdique do acessório. Para nos sentirmos bem, precisamos de muito menos do que achamos.

6. Guarde momentos só para si

Pausar, respirar, sentir, emergir no mundo dos sentidos. Atividades simples que fazem a diferença. Principalmente, quando vivemos focados no exterior de nós próprios (nos outros, nas responsabilidades para com a entidade onde trabalhamos, nos deveres da casa, no trânsito). Estar connosco mesmos é um bem escasso e valioso. Nestas férias, faça boa companhia a si mesmo/a.

7. Alimente relações saudáveis e afaste-se de relações que o/a desvitalizam

Estamos em férias, queremos estar bem e com toda a legitimidade. E as relações que temos são parte fundamental na saúde psicológica. A nossa família, os nossos amigos e pessoas novas que conhecemos são muito importantes. Cative e alimente um bom ambiente à sua volta, usufruindo de relações mutuamente gratificantes. Pessoas demasiado críticas e que procuram criar problemas, conflitos e dúvidas onde não existem, podem não conseguir ser a companhia de que precisa.

8. Esteja no momento presente

Todos falam em meditação. E, com muita razão. No mundo agitado e ansioso em que vivemos, foi necessário voltarmos a tradições ancestrais para trazermos de lá valiosos recursos para conseguirmos tirar proveito da nossa existência. Pratique mindfulness ou aprenda a fazê-lo. Sozinho/a ou acompanhado/a. Mas se não estiver disponível, não é problema. Não tem de meditar só porque “todos” o fazem. Apenas precisa de cultivar momentos em que está de forma plena e aceitante no momento presente e sem “ir a correr em direção ao futuro”. Seja criativo/a: viva estas férias como se fossem as primeiras.

Luís Gonçalves - Psicólogo clínico e psicoterapeuta