Em 2010, o vulcão Eyjafjallajökull,
na Islândia, entrou em erupção e
fez parar o Mundo.

No Haiti, a terra tremeu
sem tréguas. No Brasil, o céu
desabou em cheias como nunca antes.
No Funchal, as serras vieram parar às estradas. Depois veio o sismo, o tsunami e a ameaça nuclear no Japão. Todos estes são exemplos de
auto-regulação
da natureza.

Uma natureza que
sabe que, para ter equilíbrio, necessita por
vezes de se colocar em desequilíbrio.
Ao que parece, esquecemo-nos muitas
vezes de que somos parte integrante da
natureza. E, ao não nos lembrarmos
disso, esquecemo-nos de que também nós
devemos praticar o princípio da auto-regulação,
um princípio necessário ao nosso
equilíbrio e ao nosso bem-estar. Ao contrário,
geralmente, não só não o praticamos
como até o evitamos. Porque a auto-regulação
obriga-nos a uma tarefa muito
árdua que é a de contactarmos com o que
em nós não está bem.

Talvez seja por isso que evitamos
chorar à frente de outras pessoas, que não dizemos o que sentimos preferindo responder
racionalmente ao que nos preocupa.
Talvez por isso nos calemos quando
nos magoam ou fazem chantagem
connosco. Talvez por isso evitemos
o contacto com a dor.

O evitamento da auto-regulação
ocorre também ao nível mais físico e
biológico. Incapazes de deixar o nosso
organismo auto-regular-se tomamos um
comprimido à primeira fase de uma dor
de cabeça, usamos um
anti-inflamatório
assim que uma dor articular nos ataca,
ingerimos bebidas para nos mantermos
acordados, tomamos comprimidos para
dormir, outros para diminuir o apetite,
outros para o aumentar. Enfim, uma panóplia
em tudo contrária à natureza.

À semelhança da natureza, para ter
uma vida equilibrada, é importante que
consiga fazer a sua própria
auto-regulação.
Em primeiro lugar, precisa de tomar
consciência de que é a única responsável
pela sua vida. Quer isto dizer que a primeira
pessoa a cuidar somos nós mesmos.
Sem isso, não conseguiremos cuidar dos
outros. E assim começa o extraordinário
processo da auto-regulação.

Está a auto-regular-se sempre que se
foca em si e tenta perceber «O que está errado comigo? Porque não me sinto
completa? Porque tenho tudo o que ambicionei
e mesmo assim sinto que me falta
algo? Porque tenho medo de arriscar
uma coisa simples? Porque não me apetece
fazer nada? Porque sinto este cansaço
após uma noite de sono? Porque preciso
da constante aprovação dos outros?
Porque tenho medo de ficar só? Porque
corro tanto e consigo tão pouco?».

A auto-regulação significa também
respeitar os momentos que precisa para si.
Respeitar o seu timing. É você que tem de
definir se é o tempo certo para tomar uma
atitude ou simplesmente para não fazer
nada. Respeitando também o seu coração,
o seu espaço e a sua casa. Respeitando o
seu cansaço. Por muito que lhe digam
o contrário, ou que o diga a si mesmo,
tem direito a sentir-se cansado.

Para conseguir auto-regular-se tem
de respeitar a sua própria natureza.
O que significa que por vezes tem de barafustar!
Fazer barulho. Dizer basta!
Ouvir-se. Respeitar o que lhe faz falta
para se sentir bem. A questão é se sabe o
que lhe faz falta efectivamente? Esta pergunta
parece simples, mas muitas pessoas
não lhe conseguem responder. Fica aqui
o desafio.

Texto: Teresa Marta (mestre em Relação de Ajuda e consultora de Bem-estar)