É mais frequente entre as crianças e, tal como os pesadelos, são parassónias, fenómenos que ocorrem durante o sono e que não o interrompem. Frequentemente, há fatores genéticos no sonambulismo, com um ou mais ascendentes da criança a serem ou terem sido sonâmbulos. O sonambulismo acompanha-se de movimentos mais frequentes na cama, de falares noturnos e de deambulação, que pode ser mais ou menos complexa. Há quem saia de casa e vá para a rua.
Além disso, o sonambulismo não é isento de riscos, havendo histórias de indivíduos que se defenestram, atiram-se pela janela. Também não são raros os casos dos que sofrem outros acidentes durante estes episódios. As preocupações de segurança são, por isso, centrais no tratamento destas situações. Existem outros episódios, os terrores noturnos, em que a criança grita e gesticula, tem uma expressão facial de medo e fica, nalguns casos, suada e/ou pálida.
Ao contrário dos passeios dos sonâmbulos, os terrores noturnos não passam despercebidos e alarmam, muitas vezes, os pais, que têm, na sequência desses episódios inesperados, dificuldade em terminar o episódio e acalmar a criança. Em ambas as situações, a criança, tal como o adulto, não acorda habitualmente e na manhã seguinte não recorda o sucedido, uma vez que estava usualmente na fase de sono lento profundo quando estes episódios tiveram lugar.
No adulto idoso, há uma outra parassónia que ocorre em sono em fase REM, sigla de rapid eye movement, em que há frequentemente gesticulação violenta e em que o paciente recorda um sonho que justifica o comportamento violento que é observado durante o episódio. Esta situação relaciona-se com alguma frequência com doenças neurodegenerativas. Um estudo realizado por uma universidade canadiana associa-o a maiores probabilidades de bruxismo.
O tratamento que os especialistas recomendam
Os sonambulismos devem implicar adaptações do quarto de dormir e até do próprio domicílio que previnam acidentes durante os episódios que possam vir a ocorrer. As chaves não devem ficar na fechadura da porta da rua, as janelas devem ter dispositivos que dificultem a sua abertura e, se houver essa opção, no caso ter dois andares e ser uma criança a sofrer de sonambulismo, deve dormir no andar térreo da habitação, para evitar que caia nas escadas.
De acordo com António Atalaia, membro da Associação Portuguesa do Sono e especialista em neurofisiologia, "há uma relação clássica entre o sonambulismo e os mecanismos neuróticos de adaptação, mas o fundamental é fazer medicação que reduza a fase de sono lento profundo". "O Clonazepam é a droga mais empregue nestas situações", sublinha. "Esta mesma pode ser utilizada nas parassónias do sono REM nos indivíduos idosos", afirma ainda o especialista.
Texto: Madalena Alçada Baptista com revisão científica de António Atalaia (membro da Associação Portuguesa do Sono)
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