A boa forma, que antes conseguia manter mesmo sem fazer exercício, tende a perder-se e o risco de doença cardíaca e de cancro é agora maior.

Ao manter-se fisicamente activa ficará menos vulnerável a estes problemas. Daí a necessidade de começar a alterar hábitos para melhorar a sua vida e viver com (mais) qualidade esta fase da sua existência.

Vem aí a menopausa

Diz-se que a mulher atingiu a menopausa quando não menstrua há mais de um ano, o que ocorre geralmente entre os 48 e os 52 anos. Antes disso, há uma fase de irregularidade menstrual (perimenopausa), em que os sintomas associados à menopausa são mais evidentes e podem requerer cuidados médicos.

«Para além da observação ginecológica regular, pode haver necessidade de medicação psicológica (em caso de ansiedade ou depressão), cuidados cosméticos com a pele e o cabelo, lubrificação da vagina para combater a secura e ginástica do períneo, em casos de prolapso ou de incontinência», refere Isabel do Carmo, endocrinologista.

Em vez de se preocupar com a aproximação da menopausa, aproveite ao máximo
os anos que a antecedem, a chamada fase do esplendor feminino. «São anos em que habitualmente a mulher está na sua plenitude de aspecto feminino. Os filhos estão mais crescidos, dispõe de mais tempo para si, no trabalho é uma super-mulher», refere a endocrinologista, no livro «Mulher 50 ± 10» (Livros d'Hoje).

Corpo em mudança

Com a menopausa, o corpo da mulher sofre diversas alterações. «A gordura deixa de ser tão pronunciada nas ancas e coxas e passa a instalar-se na zona abdominal, sendo mais prejudicial à saúde. As medidas a tomar são uma dieta hipocalórica e exercício físico», refere Isabel do Carmo.

Também ocorre «uma atrofia dos tecidos e das glândulas mamárias, prevalecendo o tecido adiposo que não garante sustentação. A cirurgia pode ser aconselhável e positiva em casos de baixa auto-estima», diz Ana Paula Avillez, médica imagiologista.

A flacidez é a principal alteração na pele feminina desta idade. «Ocorre entre os 45 e os 55 anos devido à diminuição dos estrogénios, responsáveis pela firmeza cutânea. Para a combater, deve usar cremes que estimulam a produção de ácido hialurónico. É também nesta altura que algumas mulheres começam a recorrer ao preenchimento das rugas com ácido hialurónico nos consultórios de dermatologia», refere Manuela Paçô, dermatologista.

Necessidades nutricionais

Segundo o nutricionista Alexandre Fernandes, «uma alimentação desequilibrada pode acentuar a sintomatologia da menopausa». Os nutrientes mais importantes nesta fase são as fibras, vitaminas A, C, D e E e sais minerais como cálcio, zinco e selénio», refere. Para garantir a ingestão na dose certa, inclua na dieta diária «legumes, vegetais e fruta, cereais, leguminosas, leite e lacticínios, carne magra, peixe, ovos e azeite», enumera.

Treino ideal

O exercício físico ajuda a atenuar os sintomas da menopausa e das patologias associadas. «Reduz o stress, melhora a gestão do peso, reduz os afrontamentos, porque aumenta ligeiramente o nível de estrogénios, aumenta a massa óssea e diminui a pressão arterial», refere Hugo Vieira Pereira, fisiologista do exercício.


Veja na página seguinte: Cuidados preventivos e exames médicos a não esquecer

«Nesta fase, o plano deve conter uma componente aeróbia (corrida, marcha, natação, dança, ciclismo, step, aeróbica), durante 30 minutos, três a cinco dias por semana e um treino de força, de oito a dez exercícios, com uma ou duas séries, de 12 a 15 repetições, pelo menos três vezes por semana», recomenda ainda Hugo Vieira Pereira, fisiologista do exercício.

Em estudo

Investigadores do Instituto de Engenharia Mecânica e Gestão Industrial criaram uma base de dados com mais de 700 imagens de mamografia e respectivos dados clínicos.

A partir desta base de dados, vai ser criado um sistema de apoio ao diagnóstico de cancro da mama. Este novo serviço a ser testado no Serviço de Radiologia do Hospital de São João, no Porto.

Cuidados preventivos e exames médicos a não esquecer:

Consultas regulares

Realize anualmente um check-up médico completo. Este deve incluir a consulta com o médico de família, nomeadamente para medição da tensão arterial, a realização de análises ao sangue (hemograma, velocidade de sedimentação, glicemia, colesterol total, HDL e triglicéridos) e análise à urina.

Controlar a diabetes

É nesta idade que a diabetes tipo 2 pode surgir. «A melhor prevenção é evitar a obesidade ou tratá-la. A ingestão de muitos doces, sobretudo isolados, também deve ser evitada, pois sobrecarrega o pâncreas. Em situações de pré-diabetes (se, em jejum, uma análise de glicemia revela valores entre 100 e 126mg/dl e, durante o dia, entre 140 e 200mg/dl) podem usar-se medicamentos para diminuir a resistência à insulina», diz Isabel do Carmo.

A primeira mamografia

Este exame deve ser realizado anualmente a partir dos 40 anos, em mulheres sem sintomas e sem factores de risco. «Permite detectar o tumor, um ou dois anos antes de se tornar palpável, o que tem franco benefício em termos de sobrevivência», diz Ana Paula Avillez.

Detectar o glaucoma

A visita anual ao médico oftalmologista é importante, mesmo que não sofra de problemas de visão. «É a partir desta década que o glaucoma se torna mais prevalente, uma doença que resulta de um aumento da pressão dentro dos olhos. Não dá queixas e, se não for detectada precocemente, pode conduzir a perdas importantes e irreparáveis da visão. Os olhos começam também a sofrer da chamada vista cansada (diminuição da visão ao perto). Um rastreio e uns óculos de leitura resolvem estes dois problemas», diz Luís Gouveia Andrade, médico oftalmologista.

Para saber mais sobre os exames preventivos recomendados para cada faixa etária, clique aqui.

Texto: Vanda Oliveira com Alexandre Fernandes (nutricionista), Ana Paula Avillez (médica imagiologista e especialista em Senologia), Hugo Vieira Pereira (fisiologista do exercício), Isabel do Carmo (endocrinologista), Luís Gouveia Andrade (médico oftalmologista) e Manuela Paçô (dermatologista)