As crianças são extremamente sensíveis aos sabores, o que as leva a rejeitar, quase automaticamente, alimentos novos.

No entanto, os pais não podem desistir à primeira tentativa falhada.

O conselho é que as vão «dessensibilizando» em relação ao sabor desconhecido, continuando a (tentar) dar-lhes uma pequena porção do alimento ao longo de dez dias consecutivos.

No primeiro dia a reacção do seu filho não será muito agradável de presenciar, na segunda vez possivelmente, depois de engolir o primeiro pedaço, «entrará em greve» mas, ao terceiro e quarto dias provavelmente já comerá mais um bocadinho, embora continue a preferir os alimentos «antigos».

Contudo, se os pais forem persistentes, o mais certo é saírem vencedores desta batalha.

A medida ideal

Como regra, os legumes e a fruta devem constituir entre 25 a 30% de uma refeição principal. Os especialistas recomendam que se ingira diariamente, no mínimo, cinco porções de fruta e de legumes.

Mas isto não quer dizer que, por um lado, não aumente o número de porções e, por outro, que estas tenham que ser repartidas por doses com a mesma quantidade ao longo do dia. Para uma criança, 10 meias porções podem ser mais fáceis de comer do que cinco maiores. Seja criativo!

Seja o primeiro a dar o exemplo

Cada vez mais se defende que as refeições em família se traduzem em momentos que solidificam as relações entre pais e filhos. Constituem, igualmente, ocasiões em que os pais podem dar o exemplo, ingerindo alimentos saudáveis.

Por mais que as crianças resmunguem por não quererem comer alface ou feijão verde, o facto de verem que os pais ingerem regularmente legumes vai levá-los a encararem-nos como algo normal e, espera-se, a quererem imitar os adultos.

Se, por outro lado, o pai deixa sempre as couves de Bruxelas no prato e a mãe se recusa a servir-se de ervilhas, os filhos vão adoptar estas atitudes pois sabem que não vão ser penalizados.

Agentes infiltrados

Karen Bally e Sally Child especializaram-se em arranjar truques para que as crianças comessem legumes e partilham-nos com os pais no livro «A arte de esconder legumes».

Um desses truques passa por disfarçar os alimentos odiados, camuflando-os no meio dos outros. Só que esta arte não é fácil quanto parece: «Tentar misturar brócolos com puré de batata não resulta. Os garotos desconfiam das "coisinhas", sobretudo das "coisinhas verdes", e, por muito que nos esforcemos, elas não desaparecem», lembram as autoras. A couve-flor, por exemplo, assemelha-se à batata, pelo que pode ser misturada facilmente.

Devagar se vai ao longe

Não seja demasiado ambicioso: opte por servir pequenas quantidades de legumes, todos os dias, para que o seu filho se habitue à sua presença.

Karen e Sally ajudam-na: «Para reforçar o valor nutritivo dos alimentos, opte pelo processo de conta-gotas: um bocadinho todos os dias tem um efeito cumulativo e será benéfico a longo prazo. Comece por substituir um décimo dos ingredientes usuais por legumes, misturando bem.»

As especialistas dão-lhe ainda mais uma dica: «num prato de massa, substitua metade da carne picada por legumes cortados em bocadinhos muito pequenos. Se resultar e os seus filhos comerem sem protestar, na vez seguinte pode sempre acrescentar mais um pouco. (…) Se os seus filhos não costumam comer empadão de carne, não é boa ideia começar por esconder alimentos em empadões. Pense em alimentos que eles gostam, talvez pizzas, e imagine maneiras de as tornar mais saudáveis, como, por exemplo, acrescentar legumes bem passados ou cortados aos bocadinhos à cobertura da pizza.»

Sanduíches verdes

Aproveite a ocasião do lanche, férias ou dias de praia, para preparar sanduíches nas quais vai adicionar algumas rodelas de pepino, alface, tomate ou um pouco de cenoura ralada.

Baptize os pratos

E por que não dar nomes sugestivos aos menus, envolvendo as crianças? É uma forma divertida de transformar as refeições em momentos divertidos e, claro, aproveitar para introduzir os alimentos «proibidos».

Moral dos legumes

«Como as crianças costumam reagir bem aos elogios, não perca a oportunidade de elogiá-las quando comem bem. (…) Explique aos seus filhos, desde muito cedo, que os legumes e a fruta são importantes para a saúde e para o crescimento. Comece uma conversa sobre alimentação e mostre-lhes que serão capazes de fazer o que querem se comerem bem. É possível incentivar uma criança que gosta de desporto, dizendo-lhe que uma boa dieta é essencial em termos de energia e de funcionamento do organismo. Também não faz mal sugerir-lhe que o seu desportista preferido come, obviamente, muita fruta e legumes, para se manter forte e em forma», aconselham as autoras de «A arte de esconder legumes».

Evite, a todo o custo, que a hora das refeições se transforme num campo de batalha, pois as zangas e imposições não farão com que o seu filho tenha mais vontade de comer verduras, antes pelo contrário!

Texto: Teresa d'Ornellas