A leucemia mieloide crónica é um cancro do sangue que se caracteriza pela proliferação de um grande número de células que derivam de uma única célula mãe doente que vai dar origem a outras células com diferentes estádios de maturação. A maioria é madura e pertence ao grupo dos glóbulos brancos. Apesar da doença, os glóbulos vermelhos e plaquetas continuam a ser produzidos e mantêm, por norma, algumas das suas funções.

Essa situação permite uma evolução lenta da doença, ao contrário do que acontece nas leucemias agudas, que evoluem fatalmente em semanas ou meses, se não tratadas. Esta doença tende a surgir entre os 50 e os 60 anos e representa entre 15% a 20% dos casos de leucemia em adultos. Em 95% dos casos, é originada pela produção de uma proteína anormal, a tirosinacinase, que resulta da formação de um cromossoma anormal.

Esse cromossoma anormal, conhecido como cromossoma de Philadelphia, é resultante de um gene maligno, apelidado BCR-ABL. Estas alterações de ADN não estão presentes no nascimento e as razões que as determinam são, ainda hoje desconhecidas, apesar de serem investigadas há décadas. As radiações ionizantes, bombas atómicas, são o único fator de risco conhecido. Não se conhece nenhuma forma de prevenção que seja 100% eficaz.

Sintomas

Dores abdominais (devido ao crescimento do baço) e cansaço fácil são os mais frequentes. Mais de 50 % dos doentes não tem sintomas, presumindo-se a doença em análises de rotina.

Diagnóstico

Existem sobretudo dois métodos de diagnóstico:

- Análise do sangue periférico

Permite identificar o aumento dos glóbulos brancos, os subtipos mais imaturos em pequena proporção e os maduros muito mais abundantes.

- Estudo da medula óssea

Permite detetar o cromossoma de Philadelphia e o oncogene BCR-ABL.

As amostras de sangue medular obtêm-se por picada do osso ilíaco ou do esterno.

Tratamento

A primeira fase de evolução desta doença crónica é controlável com medicação oral. As outras fases, a de aceleração e a blástica, exigem tratamentos hospitalares agressivos e são, frequentemente, fatais. Para uso clínico em larga escala, há medicamentos que inibem a produção da tirosinacinase.

Permitem uma taxa de sobrevivência de 95% a 10 anos, após o diagnóstico, com muito boa qualidade de vida. "O transplante de medula óssea, o único tratamento comprovadamente curativo, só é possível em 15 a 20% dos doentes", sublinha Fátima Ferreira, a hermatologista que fez a revisão científica deste artigo para a edição impressa da revista Prevenir.