Entre 50.000 a 80.000 portugueses sofrem desta patologia. Trata-se de uma doença inflamatória crónica que afeta principalmente as articulações da coluna, que tendem a ser soldadas umas às outras, causando uma limitação da mobilidade. O resultado final é uma perda de flexibilidade da coluna vertebral, que se mantém rígida. A sua causa é desconhecida. Não tem cura mas os seus impactos podem ser minimizados.

No entanto, de acordo com o Instituto Português de Reumatologia (IPR), a transmissão genética de um antigénio  específico explica que esta doença apareça com mais frequência «em certas raças e dentro delas, em certas famílias». Os primeiros sintomas são, muitas vezes, dor nas regiões glúteas ou lombalgia. Este tipo de dor é inflamatória e manifesta-se de forma insidiosa, lenta e gradual, sendo difícil precisar o momento exato em que os sintomas começaram.

A lombalgia ocorre quando o doente está em repouso, melhorando com a atividade física. Desta forma, a dor é geralmente pior nas últimas horas da noite e de manhã cedo. Sendo uma doença sistémica, significa que podem ser afetados outros órgãos do corpo. Em algumas pessoas, pode ocorrer febre, perda de apetite ou fadiga.

Como se diagnostica

O diagnóstico baseia-se na observação clínica e na observação de sintomas físicos, suportadas por radiografias da bacia e coluna vertebral e a RMN (ressonância magnética das articulações sacroiliacas), para comprovar as mudanças que ocorreram nas articulações e nas vértebras.

Como se trata

Atualmente, não existe cura para a doença. No entanto, existem vários medicamentos eficazes e técnicas de reabilitação que permitem aliviar a dor e melhorar a mobilidade dos doentes. Justino Romão, reumatologista, revela que «na última década surgiram medicamentos inovadores que melhoraram muito a resposta dos doentes ao tratamento, permitindo uma inserção social e familiar que de outro modo estaria comprometida», faz questão de sublinhar.

Os anti-inflamatórios não-esteroides constituem sempre a abordagem inicial do tratamento, conseguindo, na maioria dos casos, reduzir a inflamação. De acordo com o IPR, os «tratamentos biológicos» são utilizados quando «a medicação tradicional não foi eficaz» e, em último caso, pode recorrer-se à cirurgia, sublinha o ex-presidente da Associação Nacional de Espondilite Anquilosante (ANEA).

Como melhorar a qualidade de vida dos doentes

«O diagnóstico precoce, o acompanhamento regular por um médico especialista bem como o rápido inicio da terapêutica apropriada, quer seja farmacológica, quer seja através do exercício físico adequado, são essenciais para o melhor controlo da doença e da sua evolução, permitindo limitar o impacto incapacitante da doença», recomenda Justino Romão. Para saber mais, visite o site da ANEA, www.anea.org.pt.

Texto: Cláudia Vale da Silva com Justino Romão (reumatologista e ex-presidente da ANEA - Associação Nacional da Espondilite Anquilosante)