A doença de Alzheimer (DA) é uma doença degenerativa caracterizada por uma atrofia cerebral progressiva resultante da perda dos neurónios no córtex cerebral.
As pessoas afetadas começam a apresentar perda da memória e dificuldades crescentes no raciocínio e na capacidade de comunicação, tornando-se incapazes para manter as suas atividades profissionais e sociais.
À medida que a doença evolui, é frequente o aparecimento de alterações do humor (depressão) e do comportamento (agitação, agressividade) e nas fases mais avançadas podem existir também limitações motoras e incontinência de esfincteres.
Os 10 sinais de alarme
- Perda da memória com repercussões nas atividades do dia-a-dia
- Eificuldade em executar tarefas domésticas
- Alterações da linguagem (dificuldade na nomeação de nomes e de objetos)
- Desorientação no tempo (ex. dia, mês) e no espaço (locais)
- Alteração do raciocínio
- Perda de iniciativa
- Alterações do humor
- Alteração da personalidade
- Guardar frequentemente objetos fora do lugar
- Alterações do pensamento abstrato
O que causa a doença?
As causas da doença são ainda mal conhecidas. Provavelmente não existe apenas uma causa única, admitindo-se que a doença resulte da conjugação de vários fatores. De um modo geral a doença de Alzheimer é uma doença das pessoas idosas. Embora possa manifestar-se na 5ª ou 6ª década, a sua prevalência aumenta exponencialmente a partir dos 65 anos, atingindo uma em cada três pessoas com 85 anos.
Para além do envelhecimento, a existência de história familiar de DA é também considerado um fator de risco para a doença, existindo formas raras de DA de transmissão familiar. Nas formas mais comuns da doença, não é contudo aparente um padrão de transmissão familiar. As mulheres têm um risco ligeiramente mais elevado que os homens de contraírem a doença e a presença de fatores de risco para doença vascular (ex. tabagismo, obesidade, diabetes, hipertensão arterial) também parecem contribuir negativamente para a degeneração neuronal.
Como é feito o diagnóstico?
Não existe um teste específico que permita confirmar o diagnóstico. Todavia, este pode ser conseguido com um elevado grau de certeza, através da observação neurológica e de alguns exames complementares (análises e TAC ou Ressonância magnética do crânio).
A doença de Alzheimer mata?
A DA é atualmente a 6ª causa mais comum de morte, assumindo maior relevância na populações idosa. Após o diagnóstico a esperança de vida média é de 6-7 anos, identificando-se alguns factores de pior prognóstico - presença de outras doenças (ex. doença cerebrovascular, diabetes), uma rápida progressão dos sintomas, a ocorrência de quedas ou de alterações do comportamento. A fragilidade mental e física, a incontinência de esfincteres e as dificuldades de deglutição torna-os muito vulneráveis a complicações - desnutrição, desidratação e a infeções (respiratórias e urinárias) -, que habitualmente são a causa da morte.
É possível prevenir?
Ainda não. Há contudo um conjunto de medidas recomendadas que visam a manutenção da saúde cerebral e consequentemente a redução de risco de doença de Alzheimer e outros tipos de demência. Estudos populacionais sugerem que medidas para a promoção da saúde, como o exercício físico regular, dieta saudável e a manutenção de uma atividade mental estimulante ao longo da vida, podem reduzir o risco de declínio cognitivo.
As medidas de promoção da saúde mental incluem:
- Não fumar
- Controlar os fatores de risco vascular: hipertensão arterial, colesterol e diabetes.
- Manter uma dieta equilibrada — rica em vegetais, frutas, leguminosas, azeite e peixe (dieta mediterrânica).
- Manter física e socialmente ativo
- Envolver-se em atividades que estimulem a atividade cognitiva; exercitar a memória
Existe algum tratamento para a doença?
Não existe um tratamento curativo. Os medicamentos atualmente disponíveis permitem atenuar os sintomas cognitivos e comportamentais, mas não evitam a progressão da doença.
Os avanços verificados nos últimos anos sobre os mecanismos que levam à degeneração celular na doença de Alzheimer, tem levado ao desenvolvimento de novos fármacos que se espera, possam evitar ou retardar a progressão da doença. Os mais promissores são os Anticorpos anti-amilóide (substância proteica que se deposita no cérebro dos doentes), atualmente em fase de ensaios clínicos e cujos resultados preliminares levam a admitir que podem vir, num futuro próximo, a ter um papel muito importante no tratamento da doença.
As recomendações são do médico José Vale, especialista em Neurologia.
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