A exposição às ondas eletromagnéticas, originadas por
aparelhos com que lidamos todos os dias, tem aumentado
e as consequências já se fazem notar em algumas pessoas.
Abdicar da televisão, computador, telemóvel
ou micro-ondas pode não ser uma mera
escolha pessoal, mas sim a condição sine qua
non para fugir dos efeitos da electrohipersensibilidade
que se traduz numa forma de alergia
às ondas eletromagnéticas.
Embora ainda não
seja reconhecido como uma doença, de acordo
com a Organização Mundial da Saúde, este
problema afeta três por cento da população.
Olle Johansson, investigador em Neurociência
do Karolinska Institute, na Suécia, estuda o
fenómeno há 20 anos.
Genética particular
Olle Johansson verificou que algumas pessoas
são alérgicas às ondas eletromagnéticas pois o sistema imunitário não está
preparado para combater estes «novos alergénios
provenientes de gadgets de
alta-frequência
e que estão presentes no nosso quotidiano,
como os telefones, telemóveis, micro-ondas,
sistemas wi-fi, televisão, computadores e sistemas
wireless». O que ainda não se consegue
explicar é por que apenas algumas pessoas se
queixam. «A razão mais provável está relacionada
com particularidades do mapa genético»,
avança o cientista.
Durante a investigação, Olle Johansson
constatou que a intensidade do distúrbio varia
muito de indivíduo para indivíduo, mas observou
que, na generalidade dos casos, «a exposição
a esses aparelhos faz com que surjam fibras
venosas muito subtis, tal como acontece noutras
alergias, e provoca a migração dos mastócitos,
células que segregam histamina, a substância
responsável pelos sintomas de alergia».
Exemplo sueco
Atualmente, a Suécia é o único país a reconhecer
a electrohipersensibilidade como
uma deficiência, mas países como o Canadá,
a Suíça e o Reino Unido estão a preparar-se
para o fazer. Em Estocolmo, foram tomadas
algumas medidas para melhorar a qualidade
de vida destas pessoas, tais como o revestimento
de telhados e os pavimentos das casas
com um papel ou tintas especiais que consigam
reter as ondas eletromagnéticas do exterior
e a cobertura de janelas com uma folha de
alumínio com o mesmo efeito.
No trabalho,
têm direito a um computador e a telefone com
baixos níveis de emissão de ondas electromagnéticas
e nos hospitais também há salas específicas
para estas pessoas. O próximo passo é
interditar o uso do telemóvel em algumas carruagens
do metro.
Olle Johansson acredita que o artigo que
escreveu para a revista Pathophysiology, no
qual recolheu os vários estudos elaborados
sobre este temática, «vai estimular os políticos
mundiais a imitar estas políticas e a ditar
novos limites de segurança no que diz respeito
à emissão de ondas eletromagnéticas».
Como os efeitos a longo prazo são desconhecidos,
o neurocientista recomenda a quem sofre
de electrohipersensibildidade que restrinja o
contacto com as ondas electromagnéticas.
Veja na página seguinte: Os sintomas a que deve estar atenta
Hiper Sensível Os sintomas mais - Dores de cabeça e/ou vertigens Texto: Rita Caetano com Oll e Johansson (investigador em neurociência)
frequentes da
electrohipersensibilidade,
segundo
o investigador
Olle Johansson:
- Taquicardia
- Eritemas e edemas
- Dificuldades de concentração
- Perda de memória
- Distúrbios do sono
- Dores musculares
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