As intoxicações alimentares provocadas pelo marisco acontecem devido a microalgas do grupo dos dinoflagelados. A maior parte são planctónicas e as suas toxinas atingem o ser humano diretamente através do consumo de moluscos bivalves e marisco.
Geralmente a água do mar não apresenta coloração diferente do que é normal quando o marisco está contaminado, nem o marisco ou bivalves apresentam odor, cor, ou sabor diferentes das espécimes não tóxicas. Por outro lado, a cozedura ou a congelação não diminuem o grau de toxicidade.
Devido à reduzida mobilidade dos bivalves, a sua contaminação é um fenómeno natural e passível de ser monitorizado apenas através de contagem microscópica das espécies tóxicas conhecidas.
O Instituto Nacional de Investigação Agrária e das Pescas é a autoridade nacional competente para a classificação e controlo das zonas de produção de bivalves, realizando por isso a monitorização periódica das microalgas tóxicas e das biotoxinas marinhas em moluscos bivalves.
A intoxicação paralisante por marisco (PSP)
A “paralytic shellfish poisoning” (PSP) é reconhecida devido à sua elevada taxa de mortalidade e tem uma distribuição mundial extremamente ampla. Os primeiros sintomas ligeiros surgem cerca de 5 a 30 minutos após o consumo e caracterizam-se por formigueiro ou dormência nos lábios, gengivas e língua. Segue-se dormência ou formigueiro nas extremidades dos dedos das mãos e pés e nas 4 a 6 horas seguintes verifica-se progressão das mesmas sensações para os braços, pernas e pescoço, tornando os movimentos voluntários muito difíceis e criando a sensação de flutuação.
O quadro extremo caracteriza-se por fraqueza muscular e dificuldade respiratória acentuada. A morte por paralisia respiratória pode acontecer depois de algumas dezenas de minutos até horas depois. A paralisia da musculatura respiratória torácica é a causa direta da morte por asfixia.
A intoxicação amnésica por marisco (ASP)
A “amnesic shellfish poisoning” (ASP) foi descoberta pela primeira vez em 1987 aquando de um surto de toxinfecções causado por mexilhões oriundos da costa nordeste do Canada, em que mais de uma centena de pessoas foram afetadas. Registou-se a morte de três idosos.
Esta doença desencadeia um quadro gastrointestinal nas primeiras 24 horas: náuseas, vómitos, diarreia, cólicas abdominais. Ou dentro de 48 horas um quadro neurológico: reação à dor aguda diminuída, vertigens, alucinações, confusão e perda de memória temporária, donde advém o nome desta intoxicação. Em pacientes idosos surgiram ainda lesões cerebrais, coma e morte.
O composto tóxico é um aminoácido invulgar: o ácido domoico (AD), produzido por uma diatomácea marinha chamada Pseudo-nitzschia pungens.
A intoxicação diarreica por marisco (DSP)
A “diarrhetic shellfish poisoning” (DSP) apresenta exclusivamente um quadro gastrointestinal: diarreia, vómitos, dores epigástricas, dores abdominais, fraqueza muscular, cefaleias.
A diarreia pode surgir entre uma a duas horas ou até às 24 horas seguintes à ingestão e a sua frequência pode chegar às 10 a 20 vezes por dia nos casos graves. Os sintomas cessam ao fim de três dias.
A DSP em humanos é provocada pela ingestão de bivalves contaminados tais como mexilhões, conquilhas, lingueirões, berbigões, amêijoas, vieiras ou ostras, já que as toxinas lipossolúveis acumulam-se no tecido gordo dos bivalves.
Em Portugal os mexilhões e as conquilhas são os bivalves que atingem as concentrações mais elevadas de toxinas.
As informações são da Direção-Geral da Saúde.
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