Na Índia, o basílico, nome por que também é conhecido o manjericão, é considerado uma erva santa, que é plantada junto aos templos, sendo oferecida a muitos deuses hindus em épocas e festividades especiais. Existe mesmo uma lenda que assegura que esta planta aromática cresceu junto ao túmulo de Jesus Cristo depois de ele ter ressuscitado e é por isso que alguns padres ortodoxos, ainda nos dias de hoje, colocam vasos com basílico junto ao altar de muitos templos.
Manjericão, manjericão-grande, basílico, alfavaca, alfádega, manjerico-de-folha-grande, erva-real e manjerico são os nomes comuns do Ocimum basilicum L. O nome genérico, deriva da palavra grega ókimon, que quer dizer perfumado. O nome específico deriva da palavra basilikon, que significa realeza. Com origem na Pérsia e na Índia, esta erva aromática, muito usada na gastronomia italiana e na famosa piza margherita, é da família das Lamiáceas.
Esta planta herbácea pode medir entre 30 a 50 centímetros de altura. As folhas do manjericão podem, consoante a variedade, ser verdes ou púrpuras. Podem ser espessas (com 2 a 7,5 centímetros de comprimento) ou finas (com 1 a 2 centímetros de espessura) e, habitualmente redondas, são muito aromáticas. As flores podem ser brancas ou cor de rosa e são hermafroditas. Na sua composição, as folhas contem óleo essencial com estragol e linalol, mas também flavonoides. Na cozinha, é utilizado em saladas, molhos de tomate, sopas, queijos, pratos com ovos e pizas. Também se extrai o óleo das suas folhas, que é usado para perfumaria e para outros fins aromáticos.
A utilização medicinal do manjericão é (re)conhecida. Para além de acalmar o sistema nervoso e de estimular o apetite, melhora o processo digestivo, combate os estados depressivos, protege dos radicais livres que oxidam o organismo, previne a diabetes e ainda desintoxica. Tem ainda o mérito de purificar o fígado e salvaguardar a flora intestinal, como também confirmaram vários estudos levados a cabo nas últimas décadas. Também diminui a oleosidade da epiderme.
As técnicas de cultivo para ter sempre manjericão à mão
No São João, é tradicional cada pessoa comprar um vaso de basílico para colocar na janela da cozinha e assim manter afastadas as moscas. O ciclo biológico desta planta é anual ou vivaz (em clima quente) e as variedades mais cultivadas diferem. Existem variedades de folha grande e pequena, verde ou roxa e flores vermelhas e roxas. As mais conhecidas são a Difforme, também conhecida como grande folha de alface, mas também a Napoletano, a Valentino e a Italian.
Essas são variedades de folha verde e larga. A lista inclui ainda a Purple delight, a Italian Red, a Purpule Ruffles e grande violeta, variedades roxas. A Siam queen, a Cuban, a Bush Green e a alfavaca grega, variedades indicadas para varandas, de folha pequena, são outras a considerar. Em todas elas, a parte comestível são as folhas e as flores. No que se refere às condições ambientais, esta planta gosta de um solo húmido, rico em nutrientes e em matéria orgânica com bom escoamento de água. Os solos silíceo-argilosos e francos são os mais aconselhados para esta cultura. O pH ideal para o seu cultivo é de 6,4.
Temperada e temperada-quente são as zonas climáticas adequadas, sendo o manjericão nativo das regiões tropicais. As temperaturas ótimas situam-se entre os 15º C a 25º C. A mínimas não devem ultrapasar os 2º C negativos e as máximas os 40º C. A paragem do desenvolvimento ocorre aos 11º C, situando-se a temperatura de germinação ideal entre os 15º C e os 20º C. A exposição solar deve ser de semi-sombra ou pleno sol e a humidade relativa média a alta.
A altitude de cultivo não deve ultrapassar os 1.000 metros. Em termos de fertilização e adubação, deve usar estrume de peru e/ou de porco, terra vegetal e composto variado. O adubo verde recomendado é a faveira. As exigências nutritivas são de 1:1:1, azoto: fósforo: potássio. Antes de avançar para o cultivo de manjericão, comece pela preparação do solo. Para isso, deve lavrar e gradar o solo superficialmente (25 a 35 centímetros) e preparar canteiros elevados.
A melhor altura para iniciar a plantação
A sementeira deve ser feita no início da primavera, germinando ao fim de 8 a 10 dias. O tipo de sementeira deve ser feito por semente, direta ou em tabuleiros de sementeira, para depois transplantar. O manjericão germina em 10 a 12 dias, com a temperatura do solo maior que 10º C. A faculdade germinativa é de quatro anos, com uma profundidade entre 0,5 e 1 centímetros e com um compasso de 40 x 25 centímetros. A transplantação também tem normas a seguir.
Deve ser feita quando tiver cinco a seis folhas ou entre 10 a 15 centímetros de altura. Em termos de consociações, pode fazê-las com pimentos, tomates e beringelas para afastar os pulgões, moscas e mosquitos. No que se refere aos amanhos, as sachas e a monda de ervas são os métodos que deve privilegiar. Não menospreze o corte das flores para desenvolver mais as folhas nem o corte da planta aos 15 centímetros de altura para garantir uma segunda colheita.
Em termos de regas, uma vez por semana em tempo quente é, por norma, o suficiente, sendo preferível para as hidratar, de acordo com as indicações dos produtores industriais desta popular e saborosa planta aromática, o sistema de irrigação gota a gota. Em termos de entomologia e patologia vegetal, as pragas mais comuns são os pulgões e mosca-branca. As doenças mais comuns a afetar esta planta são a podridão dos caules, causada por Botrytis, Phytium e Fusario. No que se refere a possíveis acidentes, o manjericão é sensível a geadas e a ventos fortes. As folhas do manjericão devem ser gradualmente colhidas antes da floração, idealmente assim que atinjam uma dimensão apreciável.
A colheita desta variedade inicia-se em julho e pode ir até outubro, sendo feita sempre depois das 12 horas. Essa é, pelo menos, a recomendação dos especialistas. Cada planta produz, em média, entre 750 gramas a 1,5 quilos de matéria fresca por ano. As folhas do manjericão, depois de colhidas, podem ser secas ou congeladas, mas perdem muito do seu aroma. À temperatura de 10 a 12º C e humidade relativa de 95%, conserva-se 8 dias. A secagem faz-se a 45 a 60º C.
Texto: Pedro Rau (engenheiro hortofrutícola)
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