De nome científico Phaseolus vulgaris, o feijão é, sem dúvida, uma leguminosa que, pelas suas inúmeras qualidades e características, se tornou numa importante fonte de proteínas para muita gente por esse mundo fora. Por essa mesma razão, é também muito usado na alimentação vegetariana e macrobiótica. Originário da América Central e do Sul, onde é consumido diariamente, foi trazido pelos espanhóis para a Europa no século XVI.
No início, foi usado como planta ornamental e, apesar de hoje em dia ser uma leguminosa largamente consumida na nossa alimentação, continua a ser uma referência de beleza nas nossas hortas, sobretudo nas variedades de trepar. Rico em proteína, fibra e nutrientes que potenciam a saúde e o bem-estar, como é o caso do ácido fólico, do ferro, do manganésio e do potássio, pode ser ingerido cozido em sopas de legumes e em estufados.
O elevado teor de fibra que este ingrediente alimentar, por norma, fornece é vital para manter os níveis de colesterol baixos. Também facilita a digestão e, devido à quantidade de ferro que apresenta, também previne a anemia. Existem dois tipos de feijões, os de trepar e os rasteiros. Os mais térreos, apesar de não serem tão vistosos, são mais produtivos, duram mais tempo e ocupam menos espaço. Eu planto sempre os dois tipos no terreno que cultivo, pois, além de gostar de ver diversidade na minha horta, aproveito depois as vantagens e as características de cada um deles.
Dentro destes dois tipos, ainda existe uma enormidade de cores, tamanhos, feitios e sabores. Tenho uma especial apetência pelo feijão-frade, pela feijoca e pelo feijão azuki. O feijão é consumido em sopas, em pratos principais, em saladas, em verde, seco, triturado e até em doces, como é o caso do famoso pastel de feijão. Além de tudo isto, tem ainda uma outra vantagem. É facilmente conservado em seco ou até mesmo congelado.
Uma experiência pedagógica que é habitualmente levada a cabo em todo mundo é a germinação de um feijão em algodão molhado dentro de um pote de vidro, pois é uma maneira fácil de ensinar as crianças a observar todas as fases de crescimento de uma semente até se transformar numa planta, além de ser muito simples de fazer. Na horta, depois de semeado na terra, o processo é o mesmo, como se pode depois explicar aos mais novos.
O problema dos gases
O feijão, à semelhança das outras variedades da família das leguminosas, tem a particularidade de absorver o nitrogénio do ar e depositá-lo na terra. Devido a esta capacidade, é muitas vezes usado para melhorar a qualidade nutricional dos solos. A esta prática, muito em voga, chamamos adubação verde. A brincadeira que costumamos fazer por causa da associação do feijão aos gases deve-se à existência de alguns açúcares.
Os oligossacáridos que integram a sua composição dificultam a digestão pois, quando em contato com as bactérias do intestino durante o processo de fermentação, geram muitos gases. O melhor método para os evitar é deixar o feijão de molho de um dia para o outro e deitar a água fora algumas vezes, antes de o cozinhar. Apesar de causar a perda de algumas vitaminas solúveis em água, esta prática diminui a formação de gases.
Os cuidados de cultivo que o feijão exige
A sementeira deve ser feita no final da primavera e, se viver num clima mais frio, deve esperar pelo fim das geadas. As sementes precisam de temperaturas relativamente altas para germinar e os jovens brotos não toleram o frio que se possa fazer sentir durante a noite. Pode acelerar este processo fazendo sementeiras em locais abrigados e de preferência em vasos biodegradáveis para não danificar as raízes durante o transplante.
As indicações de cultivo que se recomendam para as variedades rasteiras e para as espécies de trepar são idênticas, à exceção da distância de sementeira e de linhas, que devem ser mais espaçadas no caso das variedades que se enleiam pelas canas ou pelos paus que, depois, as suportam. Os feijões gostam de locais soalheiros, de solos ricos em húmus e bem drenados. Deve, idealmente, fertilizá-los no outono anterior.
A profundidade de sementeira também tem ciência, como esclareciam muitas vezes os mais antigos. Deve ser de 4 centímetros e a distância deve ser de 10 centímetros para as variedades rasteiras e de 15 a 25 centímetros para as de trepar. As linhas devem ter espaçamentos na casa dos 30 centímetros para as rasteiras e dos 90 centímetros para as espécies de trepar. Se cumprir estas regras, terá maiores probabilidades de êxito.
Os conselhos de manutenção e de rega
Também aqui são várias as normas que importa adotar. Quando as plantas são jovens, convém fazer algumas mondas e deve colocar apoios para as variedades de trepar. Como todas as culturas de verão, a rega deve ser feita junto ao pé da planta e não sobre a sua parte aérea, para não correr o risco de destruir as suas pequenas flores, comprometendo assim a frutificação. A explicação dos especialistas não é, todavia, apenas essa.
Este tipo de rega pode favorecer o aparecimento de fungos e pragas, tais como o pulgão preto, pelo que não é aconselhada. Os caracóis e as lesmas também podem atacar os rebentos jovens, pelo que convém fazer uma vigilância atenta para evitar que destruam a(s) sua(s) cultura(s). Se tiver problemas com eles, deve utilizar armadilhas de cerveja. Em qualquer horto ou centro de jardinagem especializado, obterá mais informações.
As recomendações na fase da colheita
Pode ser feita no verão e até ao surgimento dos primeiros dias frios. Pode colhê-los em verde para consumo imediato ou deixar secar as vagens para poder conservar. Deve ter cuidado para não puxar as vagens quando colher, pois pode partir as plantas ou até arrancá-las da terra. Existem variedades de colheitas distintas, sendo algumas mais escalonadas. Deve sempree ter em conta as suas características quando adquirir as sementes.
Texto: José Arantes
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