Os insetos são (mesmo) a proteína do futuro. A Organização das Nações Unidas para a Alimentação e a Agricultura (FAO) incentiva ao aumento do consumo deste alimento invulgar. Devemos passar a incluir os insetos na nossa alimentação, porque têm múltiplas vantagens para a saúde e bem-estar. O ambiente e a economia também agradeceriam se o fizéssemos. Sobretudo, parece que esta é mesmo uma das melhores soluções para acabar com a insegurança alimentar no mundo. Mas não é para agarrar no primeiro ser rastejante que vir! Os insetos para consumo humano têm que ser produzidos por especialistas na área.

Entomofagia gourmet

Eli Cadesky, um gestor canadiano, e o seu irmão, Lee Cadesky, quiseram criar um produto feito à base de insetos que fosse de encontro ao alerta dado pela ONU, e que evitasse a reação já esperada de nojo, particularmente, em países ocidentais. Foi assim que surgiu o C-Fu, uma espécie de tofu que não tem glúten nem soja e é feito apenas com bicho da farinha ou larvas de tenébrio.

Optaram por este inseto em especial porque oferecia um «sabor subtil e um conteúdo nutricional muito rico». É uma proteína altamente nutritiva, contendo um teor vitamínimo mais rico do que a carne de vaca e apresentando níveis elevados, tanto em ácidos gordos ómega-3 e ómega-6, como em minerais potássio, ferro, zinco e selénio. O aspeto não difere muito do dos alimentos tradicionais, como pode ver no site que apresenta algumas confeções à base deste ingrediente.

C-Fu enquanto uma iguaria distinta

O C-Fu é um produto versátil, podendo ser cozido, frito, assado, comido como sobremesa, snack saudável ou tomado como suplemento energético para os desportistas. Quanto à conservação, pode ser mantido no frigorífico até 16 dias ou congelado até um ano. «Em 2016, esperamos já estar à venda nos supermercados da Califórnia», declara Eli Cadesky. Por cá, ainda teremos de esperar por esta iguaria, que é produzida no Canadá e transformada no estado de Nova Iorque, nos EUA.

Patê de insetos nacional

Susana Soares anunciou ao jornal Público que em breve poderemos provar os seus patês à base de insetos, feitos em impressoras 3D. A designer portuguesa teve o primeiro contacto com o tema da entomofagia em 2010, quando assistiu a uma conferência TED Talk de Marcel Dicke, que defende que o consumo de insetos é a melhor forma de combatermos a fome no mundo.

Para Susana Soares, o principal obstáculo era tornar o aspeto dos insetos mais apelativo. Inspirada pelo desafio, logo em 2011, criou o projeto Insects au Gratin, que tem como objetivo promover o debate sobre entomofagia e levar as pessoas a considerarem os insetos como alimento. Mais informações sobre esta nova especialidade gourmet em www.susanasoares.com.

Texto: Filipa Basílio da Silva com C-Fu Foods.com (fotografia)