Experimentar uma pitada de ansiedade é uma experiência intrínseca e saudável, pois a base da ansiedade é o medo funcional. O mecanismo do medo opera como um sistema de alerta do nosso organismo, indicando que algo pode não estar correto. É uma reação inerente à nossa natureza, desenhada para nos proteger e orientar nas situações desconhecidas que podem gerar ansiedade, culminando, por vezes, num medo discernível. Este medo é uma espécie de sinalizador, uma luz que acende para nos avisar de possíveis perigos iminentes, muitas vezes acompanhada por sensações físicas que se fazem sentir de forma intensa.
Ao experimentar este tipo de medo, somos compelidos a tomar precauções contra as adversidades que podem surgir, permitindo-nos estar preparados para enfrentar o desconhecido. Esta manifestação de medo, conhecida como ansiedade funcional, é uma aliada, uma voz interior que nos aconselha a nos resguardarmos e nos adaptarmos ao ambiente que nos rodeia.
Ansiedade é uma resposta a uma ameaça percebida
De acordo com o autor Barlow, a ansiedade é uma resposta a uma ameaça percebida, mesmo que essa ameaça seja apenas imaginada. No entanto, às vezes parece que esse alarme não quer parar de tocar. Recordamos as palavras de Epstein, que descreveu a ansiedade como uma "sensação sem objeto".
Sentimo-nos como se estivéssemos sempre à beira de um precipício, mesmo quando apenas estamos à porta do elevador no nosso prédio. E a quantidade de informação que recebemos diariamente? Outro autor, Spitzer, descreveu este fenómeno como "sobrecarga de informação", comparando-o à forma como os computadores processam dados. E com esta vida sempre no modo "a mil à hora", é como se andássemos sempre com uma chávena na mão. Um chá quente de ansiedade que, por vezes, nos aquece, mas outras... queima! E não é apenas uma sensação; Sapolsky afirmou que o stresse crónico pode realmente afetar a nossa saúde física.
Ansiedade: Sintomas, Causas, Estratégias para o Tratamento e a Aplicação da Hipnose
Sintomas e tipos de ansiedade
Os sintomas da ansiedade variam, mas as sensações mais comuns estão associadas à apreensão, preocupação, impotência, medo ou mesmo pânico. Estes, por sua vez, manifestam-se frequentemente através de sintomas físicos como aumento da frequência cardíaca, respiração acelerada, suores, tremores e sensação de fadiga.
É importante notar a especificidade de alguns tipos de ansiedade
- Ataques de Pânico: Estes episódios surgem repentinamente e podem ser extremamente intensos, levando a sensações semelhantes a um ataque cardíaco ou asfixia.
- Agorafobia: Aqui, a ansiedade manifesta-se em ambientes onde o indivíduo se sente preso ou encurralado.
- Fobias Sociais: A ansiedade ocorre em situações de exposição social ou pública.
- Doença Obsessiva Compulsiva: Caracteriza-se pela presença de pensamentos recorrentes e um impulso quase incontrolável de repetir certos comportamentos ou rituais.
- Stress Pós-Traumático: O indivíduo sente como se estivesse a reviver um evento traumático, o que pode desencadear respostas emocionais e físicas muito fortes.
As causas
Em relação às causas da ansiedade, estas podem, por vezes, ser claras, mas em outros casos permanecer obscuras, o que pode intensificar ainda mais o sentimento de ansiedade. É vital, portanto, identificar os fatores desencadeadores durante a terapia. Estudos apontam para possíveis bases genéticas associadas à predisposição para a ansiedade.
Outras causas frequentes incluem experiências stressantes e a incapacidade de gerir adequadamente esse stress. O consumo de substâncias como álcool, drogas, chá, café, tabaco e até certos medicamentos também pode contribuir para episódios ansiosos.
De um modo geral, problemas e desafios do quotidiano, juntamente com conflitos internos nos planos afetivo, emocional e sexual, são frequentemente desencadeadores de ansiedade e, nos casos mais intensos, angústia.
A Hipnoterapia e o Seu Papel no Tratamento da Ansiedade
Uma das técnicas menos convencionais, mas cada vez mais aceite no manejo da ansiedade, é a hipnose. A hipnose clínica é uma ferramenta terapêutica que facilita o acesso ao subconsciente, permitindo que o indivíduo explore e reformule experiências e crenças que podem estar na raiz da sua ansiedade.
Vantagens da Hipnose em comparação com outras abordagens:
1. Menos Dependência de Medicamentos: Ao contrário dos psicofármacos, que podem ter efeitos secundários e causar dependência, a hipnose não possui efeitos colaterais químicos.
2. Autonomia do Paciente: A hipnose capacita o paciente, fornecendo-lhe ferramentas para autoregulação e gestão dos seus sintomas.
3. Tratamento Direcionado: Enquanto a Terapia Cognitivo-Comportamental (TCC) pode exigir várias sessões para identificar e reestruturar crenças disfuncionais, a hipnose pode acelerar este processo, acedendo diretamente ao subconsciente.
4. Flexibilidade Terapêutica: A hipnose pode ser integrada em outras abordagens terapêuticas, complementando e potenciando os seus efeitos.
Um artigo do neuropsicólogo Alberto Lopes das Clínicas Dr. Alberto Lopes.
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