Uma polémica que voltou a levantar-se na Conferência Internacional “Alentejo das Gastronomias Mediterrânicas”, realizado em Beja a 3 e 4 de outubro. Dizem os estudos científicos que o vinho é uma fonte rica em antioxidantes, que protegem as células contra certo tipo de doenças. Mas isso deve-se mais às peles e sementes de uva do que a outras propriedadesdo vinho.

Na verdade, o álcool faz mal e deve ser consumido moderadamente: por dia, não deve exceder um copo para as mulheres, dois copos para os homens. É que, na faixa etária dos 40 aos 44 anos, “a cirrose alcoólica é a terceira causa de morte”, sublinhou Luís Negrão, do Movimento Mulheres de Vermelho. “É preciso ter cuidado ao dizer que o vinho faz bem ao coração, porque é uma causa de morte grave”. Também a nutricionista Ana Ramalho alertou que “as recomendações são dadas, mas não são seguidas. Beber vinho é um momento de socialização das pessoas”. Tim Hogg, da Universidade Católica, acrescentou: “é muito conveniente dizer que o vinho em doses moderadas faz parte da dieta mediterrânica. Mas é uma verdade parcial. Alguns componentes, como os flavenóis, podem ser benéficos, mas não se pode esquecer que tem álcool, que faz mal. O ‘Beba Com Moderação’ é um aviso voluntário da indústria que prevê uma intervenção forçada em caso de consumo exagerado. É preciso elevar o discurso para não haver uma tentativa de manipulação”. Até porque, avisa o cientista, “o teor alcoólico dos vinhos está a subir – há poucos anos um tinto tinha 12%; hoje em dia não é raro encontrar um com 15%”. Optar pelo serviço de vinho a copo ou fazer com que os enólogos reduzam esta percentagem de álcool nos vinhos são dois caminhos apontados por Tim Hogg.

Uma vez que a questão cultural é tão importante, "é preciso começar a gostar de saber o que estamos a comer e a beber e a aprender mais" sobre o cultivo e a ciência do vinho e da vinha, remata o especialista.

 

Ana César Costa