Relativamente à questão de haver um local de isolamento, “seja no domicílio ou noutro tipo de espaço”, a ministra Marta Temido afirmou que essa hipótese ainda está a ser “estudada e preparada porque depende da condição clínica destas pessoas e do seu historial anterior”.
“Cada um destes cidadãos terá uma consulta com a autoridade [de saúde] à chegada, que terá integrado um médico, que aplicará um inquérito epidemiológico e um inquérito sobre a história clínica recente de forma a garantir que qualquer suspeita é logo identificada e encaminhada adequadamente”, avançou Marta Temido.
A governante falava aos jornalistas à margem da apresentação do Plano de Ação para a Prevenção da Violência no Setor da Saúde, que decorreu hoje no Ministério da Saúde.
A ministra explicou que o rastreio, que será feito através de uma avaliação clínica e física, que inclui a medição da febre, será feita no aeroporto, o que não quer dizer que não haja uma avaliação complementar se for necessária. De acordo com informação que dispõe, Marta Temido disse que vão regressar a Portugal cerca de dezena e meia de portugueses, mas ressalvou que “poderão ser menos, porque alguns concidadãos optaram por não deixar a China por várias razões”.
A data precisa do regresso dos portugueses ainda é desconhecida, afirmou a ministra, sublinhado que ainda estão “a trabalhar para perceber a que horas chegam, quem são as pessoas e outras informações indispensáveis”.
Disse ainda que o Ministério da Saúde está a acompanhar toda esta situação através da Direção-Geral da Saúde. “A diretora-geral da Saúde [Graça Freitas] está neste momento a coordenar um conjunto de diligências que temos de ter preparadas para quando for necessária a intervenção do Ministério da Saúde”, referiu.
O que está preparado, salientou, é “um dispositivo que segue os protocolos internacionais definidos para o acolhimento” dos portugueses quando chegarem a território nacional. “As autoridades estão a trabalhar para garantir que os portugueses que regressem tenham o acompanhamento adequado ao seu estado”, assegurou.
“Vamos seguir de perto aquilo que são os protocolos que estão definidos pelas entidades competentes e estamos a acompanhar também a conferência da Organização Mundial da Saúde sobre este tema”, a qual se realiza hoje.
"Discrição absoluta" e "operação complexa", diz MNE
O ministro português dos Negócios Estrangeiros (MNE), Augusto Santos Silva, disse esta quinta-feira que a operação de repatriamento de portugueses e outros europeus é muito complexa e exige discrição absoluta. "Confirmamos que os portugueses residentes em Wuhan e que pediram repatriamento para Portugal estão inscritos na operação de repatriamento que está a ser organizada a nível europeu, com a participação de Portugal, mas essa operação, para ter sucesso, precisa de ser rodeada da discrição e da prudência necessárias", afirmou à Lusa o ministro Augusto Santos Silva.
"Não tenho nenhuma informação a dar sobre os pormenores técnicos da operação de repatriamento", disse, acrescentando que "quando for oportuno divulgar publicamente pormenores - como o dia e hora de chegada ou as medidas a que serão sujeitos os portugueses uma vez repatriados - as autoridades portuguesas competentes fá-lo-ão".
O ministro explicou que a "operação é muito complexa, quer do ponto de vista logístico, quer do plano diplomático", tendo exigido uma delicada montagem e coordenação dos países europeus.
Até ao final do dia de quarta-feira o número de mortos devido ao novo vírus era de 170 e os infetados eram de mais de 7.700 pessoas. O novo coronavírus foi primeiramente detetado em dezembro na cidade de Wuhan, capital da província de Hubei, no centro da China.
O número de casos de infeção pelo novo coronavírus, designado provisoriamente pela OMS como "2019-nCoV", ultrapassa a cifra de contágios verificada com a epidemia da Síndrome Respiratória Aguda Grave (SARS), causada por um outro coronavírus, mas igualmente detetada na China e que se estendeu a outros países, em 2002 e 2003.
A SARS infetou 5.327 pessoas na China e provocou 774 mortos no mundo, incluindo 349 na China continental.
Um estudo genético, conduzido por cientistas chineses, confirmou que o novo coronavírus com origem na China terá sido transmitido aos humanos através de um animal selvagem, ainda desconhecido, que foi infetado por morcegos.
OMS reúne esta quinta-feira
A Organização Mundial de Saúde (OMS) convocou para hoje o Comité de Emergência para determinar se este surto deve ser declarado uma emergência de saúde pública internacional.
Fonte europeia disse à agência Lusa, na quarta-feira, que 17 cidadãos portugueses que estão na China – quase todos em Wuhan, na província de Hubei -, já pediram para deixar o país.
Além do território continental da China, foram reportados casos de infeção em Macau, Hong Kong, Taiwan, Tailândia, Japão, Coreia do Sul, Estados Unidos da América, Singapura, Vietname, Nepal, Malásia, Austrália, Canadá, Alemanha, França (primeiro país europeu a detetar casos), Finlândia, Índia, Filipinas e Emirados Árabes Unidos.
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