A tuberculose mata 1,8 milhões de pessoas por ano e infeta outros 10,4 milhões segundo os dados mais recentes da Organização Mundial da Saúde (OMS). Um grande estudo internacional publicado pela "Nature Genetics" analisou os diferentes tipos de tuberculose e classificou-os em diferentes linhagens ou famílias.

Esta investigação descreve o mecanismo molecular que explica por que motivo algumas estirpes da doença se espalham pelo mundo e outras sejam raridades locais, uma informação que permitirá desenvolver tratamentos específicos e melhorar os diagnósticos.

15 doenças que ainda não têm cura
15 doenças que ainda não têm cura
Ver artigo

"O nosso objetivo era entender se há genótipos de tuberculose mais bem-sucedidos na transmissão, identificar quais são e entender que mecanismos moleculares permitem que a doença se propague", comenta o cienstista Iñaki Comas, do Instituto de Biomedicina de Valência (IBV-CSIC).

Os cientistas já sabiam que a bactéria da tuberculose se dividia em grandes linhagens, algumas muito específicas e de regiões concretas e outras, as "generalistas", amplamente distribuídas pelo mundo. Dos sete tipos, os investigadores queriam estudar especificamente o número 4 - a estirpe que mais se propaga - para saber o "que tinha de especial", diz Comas, citado pela agência de notícias EFE.

"Este grupo genético bem-sucedido teve origem na Europa e com a colonização europeia chegou aos diferentes continentes. Não só se dispersou, como também se manteve em todos esses locais. Hoje em dia, é o vírus mais bem-sucedido do mundo", acrescenta.

Tuberculose em Portugal

10 conselhos médicos para ter um coração de ferro
10 conselhos médicos para ter um coração de ferro
Ver artigo

Embora ainda apresente dos mais altos valores da Europa, Portugal registou nos últimos dez anos uma diminuição de cerca de 40% da taxa de notificação e de incidência desta doença. Nos últimos cinco anos, a taxa tem reduzido a um ritmo de 5% ao ano e desde 2015 que a taxa de incidência está abaixo dos 20 casos por 100 mil habitantes.

Segundo o relatório “Tuberculose em Portugal – Desafios e Estratégias 2018”, mais de metade dos casos de tuberculose pulmonar em 2017 tinha exame direto positivo, o que traz maior risco de transmitir a doença aos seus contactos. Os valores provisórios de 2017 apontam para uma taxa de incidência abaixo dos 16 por 100 mil habitantes. A maior concentração de casos continua a registar-se nos distritos de Lisboa e do Porto.

A responsável do Programa Nacional para a Tuberculose mostra-se cautelosa quanto ao objetivo de atingir a eliminação da doença em 2030, que é aliás um objetivo mundial. “Estamos a correr para esse objetivo, mas com muita cautela”, diz Raquel Duarte.

Uma vacina verdadeiramente eficaz para a tuberculose seria uma ajuda essencial, admite Raquel Duarte, até porque a atual vacina BCG não previne completamente a doença, embora evite as formas mais graves. “Temos tido investigação e há algumas investigações promissoras. Mas não será para breve o aparecimento de uma nova vacina”, declara a especialista.

À Lusa, o secretário de Estado Adjunto da Saúde, Fernando Araújo, considera que Portugal “tem condições para erradicar a tuberculose” em 2030, uma expectativa apoiada na “redução sustentada de casos nos últimos anos”.

Fernando Araújo, que esteve na cerimónia de apresentação do relatório sobre a tuberculose, esta semana, apontou igualmente para a necessidade de realizar diagnósticos mais precoces, entendendo que o dispositivo de saúde pública tem essa capacidade.

A tuberculose é uma doença infecciosa, que atinge geralmente o pulmão, e que pode ser transmitida de pessoa a pessoa através da tosse, por exemplo.