A alimentação vegetariana pode ser perigosa para a saúde?
Muitas vezes o que acontece é que a substituição da proteína animal é feita por alimentos ricos em hidratos de carbono, o que origina muitas vezes excesso de peso e desequilíbrios na saúde. Qualquer tipo de alimentação desequilibrada pode tornar-se perigosa, ou seja, o problema não é ser vegetariano, mas sim estar mal-nutrido. Desde que as necessidades nutricionais de cada indivíduo sejam tidas em conta, a alimentação vegetariana não é perigosa. O risco é muitas vezes fazermos essa alteração alimentar por nós próprios sem consultar por exemplo um nutricionista.
Que produtos mais perigosos devem ser excluídos da dieta vegetariana?
Deve-se evitar os alimentos processados e industrializados, com excesso de sal, gorduras hidrogenadas e açúcares de adição. Devemos escolher os alimentos mais simples e confecioná-los e tempera-los com gorduras boas, como óleo de coco virgem, azeite e outros óleos vegetais de primeira pressão a frio.
Quando seguimos uma dieta vegetariana é fundamental consultar um nutricionista, para obtermos informação credível
Quais os cuidados a ter no vegetarianismo?
Hoje em dia é fácil obtermos dicas pelas redes sociais, revistas, televisão e até mesmo por amigos, mas continuo a defender que o nosso estado nutricional deve ser regularmente avaliado. Quando seguimos uma dieta vegetariana é fundamental consultar um nutricionista, para obtermos informação credível.
Muitas vezes, mesmo fazendo uma alimentação equilibrada, podemos sofrer de carências especificas e ser necessário suplementar provisoriamente. Os exemplos mais comuns são carências em vitaminas, como a vitamina B12, em minerais como o cálcio, o ferro, o zinco, em ácidos gordos essenciais e em proteínas completas (com aminoácidos essenciais que o nosso corpo não consegue produzir). Mas estes défices podem ocorrer em qualquer tipo de alimentação desequilibrada, por isso o problema não reside em ser vegetariano ou não.
A alimentação vegetariana é amiga do ambiente?
A alimentação vegetariana é amiga do ambiente. A quantidade de cereais cultivados e utilizados na produção de rações para gado e para peixes de aquicultura daria para alimentar-nos a nós durante muito mais tempo. Evitando a cultivo intensivo destes mesmos cereais conseguiríamos evitar, por exemplo, a saturação dos solos. Além disso sabe-se também que ao reduzir o consumo de carne, reduz-se também a emissão de gases com efeito de estufa.
No entanto, seria importante que os alimentos-base da dieta vegetariana fossem cultivados de forma biológica ou que pelo menos existissem leis mais apertadas quanto à utilização de determinados químicos e fármacos na agropecuária, por exemplo. No caso dos ovovegetarianos e dos ovolactovegetarianos que ainda consomem alguns produtos de origem animal, as condições de produção desses mesmos produtos é fundamental. Para quem não é vegetariano, o bem-estar animal devia ser igualmente importante.
A soja por exemplo, uma das melhores e mais completas fontes de proteína não animal, pode não ser a melhor alternativa, pois há muita soja transgénica e não biológica no mercado
Qual a diferença entre veganismo e vegetarianismo?
Existem várias correntes no vegetarianismo: temos os ovolactovegetarianos (que consumem ovo e lácteos, como queijo e iogurtes ou outros leites fermentados), os ovovegetarianos (que consomem apenas ovo) e os vegetarianos restritos, que não consomem nenhum alimento de origem animal. O veganismo, exclui o consumo de todo e qualquer produto de origem animal, tanto na alimentação como noutras áreas como a cosmética, vestuário e entretenimento.
Qual a sua opinião acerca deste tipo de dietas?
Recomendo termos pelo menos um dia na semana exclusivamente vegetariano. Teríamos ganhos na saúde, com toda a certeza. Um maior consumos de legumes e vegetais está associado a melhores marcadores de saúde. Penso que cada vez mais é evidente que não podemos continuar indiferentes e fechar os olhos ao que está a acontecer ao nosso planeta.
Concordo com a adoção da dieta vegetariana ou pelo menos que existam mais refeições vegetarianas no nosso dia-a-dia em vez de tantas refeições de carne e refeições processadas. Mas a transição deve ser devidamente acompanhada por profissionais adequados como médicos, nutricionistas, homeopatas, naturopatas ou outro profissional de saúde credenciado.
Alerto ainda que independentemente da linha alimentar que façamos, as nossas escolhas devem ser decididas pela origem daquilo que comemos. A soja por exemplo, uma das melhores e mais completas fontes de proteína não animal, pode não ser a melhor alternativa, pois há muita soja transgénica e não biológica no mercado. É neste tipo de detalhes que nos devemos focar para ganharmos anos de vida com saúde.
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