A primeira linha de contacto que serve para os cidadãos esclarecerem dúvidas e não irem diretamente para as urgências médicas, a Linha SNS24, não conseguiu atender mais de um quarto das chamadas em tempo útil, segundo dados do Portal da Transparência do SNS noticiados esta quinta-feira pelo jornal Público.

Esta linha é composta por enfermeiros. Em termos de volume de chamadas, a linha atingiu um máximo histórico na segunda-feira, dia em que foram confirmados os dois primeiros casos de COVID-19 no país. 

Recomendações da Direção-Geral da Saúde (DGS)

  • Caso apresente sintomas de doença respiratória, as autoridades aconselham a que contacte a Saúde 24 (808 24 24 24). Caso se dirija a uma unidade de saúde deve informar de imediato o segurança ou o administrativo.
  • Evitar o contacto próximo com pessoas que sofram de infeções respiratórias agudas; evitar o contacto próximo com quem tem febre ou tosse;
  • Lavar frequentemente as mãos, especialmente após contacto direto com pessoas doentes, com detergente, sabão ou soluções à base de álcool;
  • Lavar as mãos sempre que se assoar, espirrar ou tossir;
  • Evitar o contacto direito com animais vivos em mercados de áreas afetadas por surtos;
  • Adotar medidas de etiqueta respiratória: tapar o nariz e boca quando espirrar ou tossir (com lenço de papel ou com o braço, nunca com as mãos; deitar o lenço de papel no lixo);
  • Seguir as recomendações das autoridades de saúde do país onde se encontra.

A Serviços Partilhados do Ministério da Saúde (SPMS), que gere a SNS24 (808 24 24 24), garante que, em média, atende mais de 90% das chamadas em menos de 20 segundos, mas admite que há alturas do dia em que, devido aos picos de afluência, o tempo de espera possa ser superior.

Já a Linha de Apoio ao Médico (LAM) deixa os clínicos sem resposta horas a fio. Há médicos que ligam dezenas de vezes, mas sem sucesso.

Funciona tão bem que desde ontem (24 horas) aguardo o contacto para a orientação de dois casos suspeitos e já liguei hoje. Enfim, tudo controlado

Criada há semanas, esta linha serve para a validação de eventuais casos suspeitos, mas há médicos que aguardam várias horas para serem atendidos, enquanto outros insistem dezenas de vezes, sem resposta, denuncia o secretário-geral do Sindicato Independente dos Médicos (SIM), Roque da Cunha, que diz estar a colecionar e-mails de colegas "desesperados com o silêncio da linha".

"É de lamentar que a Direção-Geral da Saúde (DGS) tenha como primeira linha de vigilância epidemiológica um call center", critica Roque da Cunha, insistindo que deveriam ser médicos de saúde pública a "estar na frente desta batalha".

Esta linha "funciona tão bem que desde ontem (24 horas) aguardo o contacto para a orientação de dois casos suspeitos e já liguei hoje. Enfim, tudo controlado", queixava-se esta semana um responsável de uma Unidade de Saúde Familiar do Porto.

O primeiro-ministro, António Costa, salientou esta semana que a melhor maneira de evitar que o coronavírus se espalhe em Portugal é "contactar a Linha SNS24" e permanecer em casa se houver suspeita de sintomas. Na altura, a diretora-geral da Saúde, Graça Freitas, garantiu que a linha tem estado a funcionar "bem", apesar da "sobrecarga".

Veja em baixo o mapa interativo com os casos de coronavírus confirmados até agora

Se não conseguir ver o mapa desenvolvido pela Universidade Johns Hopkins, siga para este link.

O surto de COVID-19, que pode causar infeções respiratórias como pneumonia, provocou mais de 3.200 mortos e infetou mais de 93 mil pessoas em 78 países, incluindo seis em Portugal.

Desde janeiro já se contabilizaram pelo menos 117 casos suspeitos em território português.

Além dos 3.012 mortos na China Continental, há registo de vítimas mortais no Irão, Itália, Coreia do Sul, Japão, França, Hong Kong, Taiwan, Austrália, Tailândia, Estados Unidos da América e Filipinas.

A Organização Mundial de Saúde (OMS) declarou o surto de COVID-19 como uma emergência de saúde pública internacional e aumentou o risco para “muito elevado”.