Em nota de imprensa enviada à agência Lusa, o Secretariado Regional do SIM no Centro destaca que, após uma visita realizada àquela unidade de saúde, não pode deixar de “manifestar a sua apreensão em relação aos cuidados de saúde prestados à população” daquele concelho do distrito de Castelo Branco.
Está em causa, salienta, uma área de 700 quilómetros e cerca de 28.000 habitantes, sendo que a UCSP conta com um corpo clínico composto por 16 médicos especialistas e quatro internos de Medicina Geral e Familiar, distribuídos pela sede e por 25 extensões do Centro de Saúde.
O SIM garante que encontrou “falta de condições na sede para observação de doentes em maca ou em cadeira de rodas” e “deficiências várias no que respeita ao material clínico”.
O “número excessivo de extensões, muitas das quais com grande proximidade física, obrigando à dispersão inadequada dos recursos médicos”, é outra das questões apontadas, com o SIM a vincar que tal dificulta “a assistência à população” e que constitui “facto de penosidade no trabalho médico”.
“Em muitas das extensões da UCSP, o desrespeito pelos imperativos legais na acessibilidade a pessoas com mobilidade reduzida” e a falta de condições em algumas extensões para armazenamento de resíduos perigosos, por vezes armazenados na sala de espera dos utentes, com risco evidente para a segurança destes”, são pontos igualmente referidos.
O Sindicato refere ainda que há “dificuldade na articulação entre o trabalho médico e de enfermagem” e “multiplicação da deslocação dos utentes entre duas ou três extensões no mesmo dia”, dando como exemplo o caso da saúde infantil, com a observação das crianças durante a manhã por enfermagem, numa extensão, à tarde pelo médico noutra extensão, e posteriormente, em caso de necessidade de vacina, com deslocação à sede, no Fundão.
Segundo esta estrutura sindical, há cerca de 3.500 utentes sem médico de família e a deslocação entre diferentes polos/extensões da UCSP não está assegurada, sendo esta feita a expensas do médico.
“Infelizmente as perspetivas não são animadoras. A reestruturação prevista dos cuidados de saúde no concelho do Fundão prevê a abertura, a breve prazo, de uma unidade de saúde familiar modelo A (USF-A), na sede do concelho. Para esta nova USF-A irão transitar seis dos atuais médicos da UCSP”, acrescenta a nota.
Os utentes que transitarem para esta unidade de saúde terão o acesso à consulta aberta vedado, acrescenta.
“Aos 10 médicos restantes caberá o atendimento de parte dos utentes da sede, bem como de todos os utentes das 25 extensões da UCSP, sendo que, destes 10 médicos, cinco irão aposentar-se nos próximos 18 meses”, descreve a mesma nota.
O SIM refere ainda que reuniu com o Agrupamento de Centros de Saúde da Cova da Beira e com a Câmara Municipal do Fundão, para confrontar “os decisores com os problemas atuais, no âmbito dos cuidados de saúde disponíveis a prestar à população residente, assim como o 'caos' que se prevê a curto prazo”.
“Estamos céticos quanto à capacidade de decisão atempada e de sinergia dos 'decisores', pelo que, face ao cenário de pré-calamidade anunciada nos cuidados de saúde no concelho, o SIM/Centro apela às entidades responsáveis, no sentido de adotarem as medidas organizativas e de gestão que permitam melhorar a assistência à população, potenciando a melhoria dos seus (maus indicadores de saúde), a melhoria da qualidade de trabalho médico e fixação de médicos especialistas em Medicina Geral e Familiar”, conclui.
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