Passamos demasiado tempo perdidos entre a correria dos dias, entre um lado nosso mais funcional e menos emocional e sensitivo. Não que as nossas emoções e os nossos sentidos não estejam sempre presentes e sempre alerta, no entanto, o nosso piloto automático obriga-nos a calá-los e a deixá-los bem resguardados e reprimidos dentro de nós.
Este lado apressado e automático faz com que, rapidamente, nos distanciemos do nosso interior e de tudo aquilo aquilo que se torna imprescindível para nos tornar mais humanos e mais felizes.
Por isso, muitas vezes, olhamos para os dias, olhamos para as semanas e para os anos e sentimos-nos perdidos, distantes de tudo aquilo que a nossa essência parece ser e parece desejar.
Quando isto acontece, criamos espaço ao adoecer psicológico, sob a forma de ansiedade, de impulsividade ou de lados mais obsessivos, por exemplo. Porque cada um destes sintomas está a chamar-nos à atenção para o nosso interior, para as nossas necessidades emocionais e para aquilo que precisamos de forma genuína.
É, nestas circunstâncias, muito importante sermos capazes de abrandar o ritmo e, se necessário, sermos capazes de desligar. Deixando por algumas horas, ou por alguns dias, a aceleração e o piloto automático para trás. Isto é, permitindo-nos centrar em nós próprios, ficar atentos ao nosso corpo, às nossas emoções e a todos os sinais internos que constantemente recebemos e que constantemente atiramos para longe de nós.
Estes períodos mais serenos, mais desligados dos outros, mais desligados do mundo e mais conectados connosco próprios, permitem-nos recarregar as nossas baterias, sintonizar-nos com a nossa essência. E, ao mesmo tempo que, nos ligam ao presente, permitem-nos orientar o nosso caminho para o futuro, com direção aos nossos objetivos, aos nossos sonhos e à nossa melhor versão.
Porque é muito claro que, sempre que desligamos por momentos, sempre que nos permitimos a parar, ganhamos impulso para, de forma autêntica, estarmos cada vez mais alinhados connosco próprios e sermos cada vez mais felizes.
Um artigo das psicólogas clínicas Cátia Lopo e Sara Almeida, da Escola do Sentir.
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