No que respeita ao ambiente e aos seus problemas, "os portugueses acompanham a crescente preocupação da média dos cidadãos europeus, mas distinguem-se porque atribuem mais importância àquilo a que chamamos os problemas de primeira geração, a poluição da água e do ar", explicou a investigadora do Instituto de Ciências Sociais da Universidade de Lisboa, Luísa Schmidt.
Os restantes europeus, sobretudo do centro e norte, "estão mais preocupados com os problemas de segunda geração, como os recursos naturais e as alterações climáticas", acrescentou.
"Os jovens portugueses estão muito mais próximos dos seus pares europeus de que as gerações mais velhas entre si, e do que as gerações mais velhas em relação aos jovens, o que tem a ver com a escolaridade, com a formação, [fatores] que introduziram uma diferença grande na sociedade portuguesa", realçou ainda Luísa Schimdt.
A especialista em ambiente falava a propósito do livro "Ambiente, Alterações Climáticas, Alimentação e Energia: a opinião dos portugueses”, da sua autoria e de Ana Delicado, que será lançado na quinta-feira, durante o Greenfest, evento que decorre no Estoril, até domingo.
O trabalho analisa a evolução dos resultados dos 25 anos do Eurobarómetro, comparando a opinião sobre questões do ambiente dos portugueses, ao longo do tempo e relativamente aos restantes europeus.
"Ao longo das séries, seja ambiente, alterações climáticas, energia ou defesa do consumidor, há um número bastante superior de inquiridos nacionais que optam pela resposta ´não sabe´, número ainda mais elevado entre as mulheres e os portugueses mais velhos e entre as pessoas com menos literacia", sobretudo em assuntos energéticos, referiu a investigadora.
Os jovens estão mais informados atingindo o nível médio dos jovens europeus. As diferenças entre portugueses e europeus não são nas gerações mais novas, mas são notadas diferenças em termos globais e nas gerações mais velhas.
Para Luísa Schmidt, "a não resposta significa que os temas não têm sido tratados e a informação é curta e frágil".
Na análise das práticas ambientais, os portugueses "são menos ativos que a média dos europeus, mas aproximam-se da média, por exemplo, nos hábitos de separação do lixo e na redução do consumo de água e de energia", referiu a investigadora.
Atualmente, com a situação de crise, a necessidade de poupar "revela-se mais fortemente", mas a separação de lixo é um comportamento novo que tem crescido, "mais ou menos em toda a população".
A explicação é, segundo Luísa Schmidt, investimento realizado na informação, nas políticas públicas, e os portugueses correspondem "cada vez mais", embora prevaleça uma cultura centrada na poupança "dentro de casa", enquanto os outros europeus mudaram, por exemplo, na utilização dos transportes, usando mais as alternativas públicas.
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