Políticos, especialistas, médicos e associações de doentes e grupos de ativistas na área da hepatite C reuniram-se hoje em Bruxelas para anunciar a sua intenção de trabalhar em conjunto com o objetivo de eliminar o vírus da Hepatite C em Portugal até 2030, ao assinarem o “Manifesto pela Eliminação da Hepatite C”.

O evento sucede a primeira Cimeira Política Europeia dedicada à eliminação do vírus da Hepatite C na Europa que aconteceu em Fevereiro de 2016, em Bruxelas, e durante a qual foi apresentado o Manifesto pela Eliminação da Hepatite C, que delineava questões políticas para a eliminação da hepatite C na Europa até 2030.

Carlos Zorrinho, deputado do Parlamento Europeu, anfitrião do evento, comentou: “Saúdo o facto da Cimeira sobre a eliminação da Hepatite C ser a primeira a dar concretização à Estratégia Europeia para erradicar a Hepatite C até 2030, isso é possível não apenas pela consciência da importância do problema em Portugal mas também porque os serviços de saúde e as associações de pacientes portugueses têm criado um vibrante dialogo procurando encontrar as melhores soluções”.

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Fernando Araújo, secretário de Estado Adjunto e da Saúde de Portugal, sublinhou que "Portugal teve extraordinários progressos na abordagem à Hepatite C nos últimos anos. O Governo Português está profundamente empenhado em acabar com a epidemia da Hepatite C até 2030 e acreditamos que iremos atingir esse objetivo antes dessa data".

"De forma a fazê-lo, a primeira Estratégia Nacional para as Hepatites Virais em Portugal foi lançada este ano. Baseia-se na universalidade (acesso ao tratamento a todas as pessoas com hepatite C, elegíveis para tratamento), na equidade (harmonização do tratamento a nível nacional) e na qualidade (o tratamento mais adequado segundo a evidência cientifica), mas também focado na prevenção, informação, conhecimento e rastreios dirigidos", acrescentou.

Ricardo Baptista-Leite, membro do Parlamento de Portugal, afirmou: “No seguimento da liderança que Portugal assumiu em termos de acesso sustentável ao tratamento universal em 2015, existe agora a necessidade de se assumir a eliminação da hepatite C como um objetivo de saúde pública o que exige que se tenha uma liderança determinada, um reforço do papel dos cuidados de saúde primários e maior investimento em prevenção, rastreios, diagnóstico e ligação aos cuidados de saúde. Existe uma necessidade particular de desenvolver programas dirigidos, juntamente com as associações não-governamentais da sociedade civil, particularmente para populações específicas como reclusos, pessoas que injetam drogas e migrantes".

Luís Mendão, Presidente do GAT- Grupo de Ativistas em Tratamentos comentou que "Portugal deu passos gigantes na sua resposta à hepatite C desde fevereiro de 2015. Os restantes desafios para garantir a eliminação da hepatite C até 2030 estão relacionados com melhor conhecimento, prevenção e rastreio baseados no conhecimento, nos direitos humanos e no acesso universal ao tratamento a custo comportável (não deixando para trás as pessoas que injetam drogas e as pessoas nas prisões)".

"Tudo isto é fazível com liderança política. As autoridades Portuguesas podem, nesse caso, contar com o apoio da sociedade civil, das comunidades chave e das pessoas que vivem com a doença e todos os stakeholders devem estar prontos para trabalharem em conjuntos na obtenção deste objetivo comum", disse ainda.