O estudo, distinguido recentemente em Madrid, no 24.º Congresso Europeu de Psiquiatria, envolveu uma amostra de 103 mulheres diagnosticadas com fibromialgia, com idades compreendidas entre 18 e 65 anos de idade, recrutadas em várias unidades de saúde.

Negativismo inerente à fibromialgia aumenta propensão para a depressão
Negativismo inerente à fibromialgia aumenta propensão para a depressão Equipa de investigadores da Universidade de Coimbra créditos: UC

Presente em 2-5% da população, a fibromialgia é uma doença debilitante que interfere muito na qualidade de vida das pessoas, tendo um grande impacto não só ao nível pessoal mas também ao nível familiar e social. O desconhecimento acerca da sua origem, assim como a existência de diferentes configurações de sintomas que flutuam ao longo do tempo, tornam o seu tratamento difícil.

Os resultados obtidos na investigação mostram que "o impacto dos sintomas de fibromialgia no desenvolvimento de sintomatologia depressiva opera através do pensamento repetitivo negativo e do afeto negativo.

Quer isto dizer que pessoas que apresentam mais sintomas de fibromialgia tendem a envolver-se em estratégias mal adaptativas como o pensamento repetitivo negativo (isto é preocupações e ruminações) numa tentativa de lidar com estes sintomas", explica a primeira autora do trabalho, Ana Margarida Pinto.

"Estes resultados são importantes na medida em que revelam o papel fundamental que certas variáveis psicológicas desempenham no contexto da dor crónica e sublinham a importância de incluir tais variáveis nas intervenções psicossociais na fibromialgia, uma doença crónica caracterizada por dor generalizada e difusa, normalmente acompanhada por outros sintomas como perturbação de sono, rigidez muscular, hipersensibilidade a estímulos ambientais, ansiedade, depressão, défices cognitivos e fadiga extrema", assinala a investigadora da UC.

Este trabalho faz parte de um estudo mais amplo, coordenado pelos Professores António Macedo e José António Pereira da Silva, que tem como objetivo principal investigar se a fibromialgia se diferencia de outras doenças crónicas, como a artrite reumatoide, bem como de controlos sem dor crónica no que diz respeito a determinados traços de personalidade (como o perfecionismo) e processos psicológicos (como os estilos cognitivos, ou seja, formas habituais de pensar, de interpretar as situações, etc.).