21 de outubro de 2013 - 08h45
Todos os médicos de família que lecionam no Mestrado Integrado em Medicina da Universidade do Algarve e uma grande parte dos médicos do Hospital de Faro vão apresentar demissão caso o reitor não recue na “cláusula da discórdia”.
“Caso o reitor não recue, todos os médicos de família que lecionam no curso e pelo menos uma grande parte dos médicos do Hospital [de Faro] apresentarão a sua demissão em solidariedade com a posição da direção”, disse hoje à Lusa Filipe Gomes, médico interno de Radiologia no Hospital de Faro e assistente convidado no Mestrado Integrado em Medicina da Universidade do Algarve (MIM da UAlg ou curso de Medicina do Algarve).
A direção do curso de Medicina do Algarve anunciou a demissão em bloco na sexta-feira passada, dia 17, por causa de um novo protocolo que a UAlg tem de fazer, devido à recente criação do Centro Hospitalar do Algarve (CHA), que junta os hospitais de Faro, Portimão e Lagos.
Segundo aquele médico, o novo protocolo compreende uma cláusula que “coloca em causa a autonomia pedagógica da direção do MIM, de forma inaceitável, e lhe retira a capacidade de garantir a qualidade do curso de Medicina ministrado na UAlg”.
“O reitor elaborou-o [protocolo], ignorando todas as sugestões da direção do MIM da UAlg. De grande significado foi a opção de abrir o controlo da decisão sobre quais os docentes a lecionar no curso de Medicina na UAlg, oferecendo-o em parte ao CHA”.
A direção demissionária do curso de Medicina, por seu turno, divulgou, este domingo, um comunicado de imprensa onde acusa o reitor de “deturpar” as intenções daquela direção e esclarece sobre a “cláusula da discórdia”.
O pessoal docente que irá lecionar nas áreas curriculares no Curso de Mestrado Integrado em Medicina da UAlg pertencente ao corpo clínico do CHA será "no caso dos tutores que orientam os alunos nos estágios clínicos hospitalares que decorrem no espaço físico do respetivo Serviço ou unidade funcional, indicado pela UAlg após o acordo dos próprios e dos respetivos Diretores de Serviço/responsáveis das unidades funcionais”, lê-se na nota de imprensa.
Na cláusula proposta a direção propõe também que “relativamente ao pessoal docente que lecione fora do âmbito do ponto anterior, o mesmo seja indicado pela UAlg após o acordo dos próprios e sendo dado disso conhecimento aos respetivos Diretores de Serviço/responsáveis das unidades funcionais”.
Os alunos do curso de Medicina estão a protestar esta segunda-feira, em solidariedade para com a direção demissionária, e avançam com uma greve a partir das 09:00 e não comparecer às atividades letivas.
Na passada sexta-feira, o reitor da UAlg disse aos jornalistas, por seu turno, que o protocolo é o mesmo do passado e que a autonomia pedagógica e científica não está em causa, classificando a demissão como um “flop”.
O curso de Medicina do Algarve tem perto de 150 alunos e formaram-se 29 médicos desde 2009, ano em que abriu.
Lusa