O conceito de “doença ligada ao trabalho” engloba todas as formas em que o trabalho pode interferir na saúde, em termos de efeitos adversos, independentemente da sua influência se situar na etiologia, na evolução, no desfecho ou no agravamento das doenças.
As questões relacionadas com os aspectos de natureza psicossocial existentes nas nossas organizações e agora intituladas “emergentes”, e nomeadamente nas empresas, coloca hoje desafios de enorme complexidade aos médicos do trabalho e a outros profissionais de saúde ocupacional.
Têm sido usadas inúmeras formas de fazer referência ao acto de provocar uma violência psicológica no trabalho, de forma repetida e sistemática, com o objectivo de humilhar, isolar e desacreditar um trabalhador, a maioria das quais em língua inglesa: (i) bulling; (ii) mobbing; (iii) moral harassment; (iv) psychological violence ou, por exemplo, (v) psychological harassment. Para além das diferenças que podem ser evocadas em relação a qualquer uma das designações, o assédio moral caracteriza-se, entre outros e no essencial, por de forma reiterada:
impedir o trabalhador de se exprimir;
isolar o trabalhador;
desconsiderar o trabalhador em presença de colegas de trabalho;
desacreditar o trabalhador no seu trabalho;
comprometer a saúde do trabalhador;
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O trabalhador assediado, para que o assédio moral produza efeito, inicia uma cascata de acontecimentos que, no essencial, provocam perda de autoestima e de autoconfiança que podem levar a níveis impulsionadores, por exemplo, de grandes graus de ansiedade e até a eventuais comportamentos de adição.
As consequências negativas para a saúde do assédio moral podem envolver sintomatologia somática e psicológica. Para além de serem frequentes as cefaleias, as alterações gastrointestinais e as repercussões sobre o aparelho cardiovascular os sintomas de atingimento da saúde mental são igualmente muito frequentes e vão desde as alterações do sono, a dificuldade de concentração e a perda de confiança até à ocorrência de pensamentos suicidários, agressividade e sintomas paranóides, depressivos e obsessivos.
Apesar da extrema complexidade de qualquer situação concreta, no assédio moral existe sempre um determinado contexto (profissional), um assediador e um assediado. O médico do trabalho, no âmbito da sua actividade na prevenção dos riscos profissionais (que deve incluir também a colaboração na prevenção dessas situações de “violência psicológica) pode (e deve) ser um potencial “apoio” para o assediado se a sua colaboração em acções de prevenção não tiverem sido eficazes na sua prevenção.
A sua resposta é, no entanto, ainda mais transdisciplinar e mais dependente da respetiva cultura organizacional onde se deve situar a mais importante (e principal) resposta a tal tipo de situações.
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