O trabalho está estreitamente associado com a ideia de labuta e, ao contrário do que sucedia nos primórdios das relações laborais, hoje em dia, é considerado como fisicamente menos duro, mas psicologicamente (muito) mais desgastante. Em grande parte, as inúmeras exigências e preocupações, que estão ligadas ao exercício da profissão e aos seus intervenientes contribuem para uma condição de saúde mental e física mais fragilizada.
Sabemos, contudo, que o trabalho é um pilar central na vida das pessoas, contribuindo para o seu desenvolvimento e realização pessoal, assegurando melhores condições socioeconómicas, favorecendo novas experiências, formação e transformação, sendo, por conseguinte, um veículo para melhor qualidade de vida e maior satisfação pessoal, familiar e social. Daí a enorme importância do trabalho sadio!
Por oposição ao trabalho sadio, o assédio moral no trabalho, também designado como violência psicológica ou mobbing, causa significativo sofrimento emocional e físico na vítima.
Conforme referido em texto anterior sobre mobbing no trabalho, o agressor pode provocar na vítima de assédio moral consequências potencialmente nefastas que se refletirão, irremediavelmente, no seu bem-estar e satisfação pessoal e com a vida, na saúde física e psíquica, na vida conjugal, familiar e social, assim como na vertente financeira e patrimonial. Por isso, tais danos merecem a proteção de Direito, sendo uma avaliação psicológica rigorosa, um elemento de prova a considerar.
Perfil dos agressores
A psicóloga Hirigoyen defende a existência de determinadas características com mais predisposição para este tipo de agressão. De modo geral, pode destacar-se a personalidade narcisista, na qual se percecionam como superiores, especiais e com status único, entendendo que tudo lhes é devido.
Normalmente não são empáticos, sofrem de ansiedade, podem ser arrogantes e com baixos níveis de competências sociais e morais. O assédio está estritamente relacionado com necessidade de notoriedade, relações de domínio e com estratégias de poder e de neutralização de situações de potencial rivalidade. Por outro lado, há autores que defendem que os estudos sobre os agressores não são conclusivos.
Perfil das vítimas
De modo geral, as vítimas do mobbing são independentes, autónomas e com boas competências cognitivas. Regem-se por forte sentido de ética, padrões de honestidade, bons princípios e valores morais.
No exercício das suas funções são trabalhadores dedicados, empenhados no cumprimento das tarefas e motivados para alcançar objetivos. Sendo pessoas com muita sensibilidade a comportamentos desadequados e pejorativos, a autoconfiança, que habitualmente as caracteriza, é facilmente enfraquecida ou deteriorada pelos agressores.
Impacto do mobbing nas vítimas
O impacto pode ser muito violento e transversal à vida pessoal, familiar, profissional e social das vítimas. A ocorrência sistemática, recorrente e continuada deste tipo de terror psicológico provoca alterações cognitivas (como, por exemplo, falta de atenção, concentração e memória, dificuldade em tomar decisões) e respostas emocionais severas, nomeadamente, medo, ansiedade, depressão, baixa autoestima, desespero e desamparo.
Em situações mais graves pode haver comportamentos de suicídio. O comprometimento da funcionalidade da vítima do assédio moral traduz-se na ausência de autocuidados, no isolamento social ou na incapacidade de trabalhar.
Em suma, o mobbing é um problema de cariz psicossocial, na medida em que afeta a vítima, o grupo de trabalho e a organização e a vida social.
Um artigo da psicóloga clínica Lina Raimundo, da MIND | Psicologia Clínica e Forense.
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