"Homem que é homem não chora". O ditado tem tanto de antigo como de ridículo. Educados para se mostrarem e parecerem fortes, os homens evitam as consultas médicas justamente por receio de serem vistos como fracos, defende Mary Himmelstein, investigadora da Universidade de Connecticut.

Num dos seus estudos, a cientista questionou 491 pessoas, de ambos os sexos, sobre o quanto concordavam ou não com frases sobre o papel social de homens e mulheres, a importância da bravura e da autossuficiência e a fiabilidade dos médicos.

Segundo a BBC, os entrevistados também forneceram dados pessoais sobre com que frequência iam ao médico e quanto tempo costumavam demorar até procurar um especialista quando tinham dores ou sentiam algum problema de saúde.

Cruzando as informações obtidas, Mary Himmelstein e Diana Sanchez concluíram que quanto mais os entrevistados se identificavam com valores associados à masculinidade (como a "bravura" e "autossuficiência"), mais tendiam a minimizar problemas de saúde e a evitar consultas médicas.

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"Crenças tradicionais sobre os papéis sociais (de cada género) contribuem para a forma como a nossa cultura constrói a masculinidade - isto é, as mensagens que recebemos sobre como os homens são, como deveriam ser e como devem agir", explicou Himmelstein, em entrevista à referida estação de televisão.

"No caso dos homens, essas crenças contribuem para a ideia de que, para ser um bom homem, é preciso ser duro, corajoso e absolutamente autossuficiente. O problema dessas crenças é que criam barreiras para pedir ajuda, mesmo em situação de doença e lesão", alerta a pesquisadora.

Efeito semelhante nas mulheres

Por outro lado, o estudo de Himmelstein mostra também que mulheres que se identificavam com valores de bravura e autossuficiência tendem igualmente a procurar menos ajuda médica.

"A masculinidade também está associada a uma menor frequência de cuidados com a saúde, como ir ao dentista, usar protetor solar, comer frutas e vegetais e realizar autoexames da mama e testículo", exemplificou a cientista, que alerta para a sua importância na prevenção ou deteção precoce de várias doenças.