O livro, intitulado “INcluir - 26 Histórias de Banda Desenhada”, vai ser apresentado durante as primeiras jornadas de saúde mental “Arte & Inclusão”, um momento de “reflexão, partilha e debate sobre a arte como instrumento de inclusão social, particularmente na doença mental”, que culmina um ano do projeto “Incluir – Oficinas para todos e para cada um”, afirma uma nota do departamento de Psiquiatria e Saúde Mental do Hospital Distrital de Santarém (HDS), que organiza o encontro juntamente com a Direção Geral da Saúde – Programa Nacional para a Saúde Mental.

15 coisas que tem de saber para não enlouquecer
15 coisas que tem de saber para não enlouquecer
Ver artigo

Durante as jornadas, que vão decorrer ao longo de todo o dia de sexta-feira no Teatro Sá da Bandeira, em Santarém, além do lançamento do livro, serão apresentados os resultados de um estudo, realizado em parceria com o Instituto Politécnico de Santarém (Escolas Superiores de Saúde e de Gestão e Tecnologia), sobre o impacto do projeto na diminuição do estigma da doença mental na comunidade.

O estudo teve por base 420 inquéritos realizados em outubro de 2016, antes do início do projeto, e 420 realizados um ano depois, na fase final, depois de um conjunto de iniciativas na comunidade realizadas com grupos inclusivos dinamizados por um artista plástico.

Financiamento da Fundação EDP

O projeto, com financiamento da Fundação EDP, permitiu a realização de dez oficinas em diferentes espaços da cidade e de seis exposições dos trabalhos desenvolvidos pelos dois grupos abrangidos, num total de três dezenas de pessoas, revelando os resultados do estudo “uma diminuição do estigma da doença mental” por parte da comunidade, disse à Lusa Carla Ferreira, enfermeira do departamento e uma das responsáveis do projeto.

Os grupos, orientados pelo artista plástico João Maria Ferreira, incluíram pessoas com doença mental, pessoas em risco de exclusão social e elementos da comunidade com vontade de aprender pintura, tendo as exposições tido a curadoria do escultor Mário Rodrigues.

A participação inclusiva e a visibilidade dada ao projeto, tanto pelas ações que decorreram em espaços públicos como pela difusão nos mais diversos meios de comunicação social, local, regional e nacional, ajudaram a uma “melhor aceitação” da doença mental, contribuindo para a redução do estigma de que estas pessoas são alvo, afirmou.

“Este é um tema pouco estudado a nível da psiquiatria, pelo que estes resultados são muito importantes”, disse Carla Ferreira à Lusa.

O livro, “rico em experiências de vida, com histórias que tocam e nos fazem acreditar na potencialidade de projetos como o INcluir”, será um dos suportes para a continuidade das oficinas, a par da verba atribuída pelo grupo “Asas pela Vida”, que este ano destinou a este fim a receita da festa que realiza anualmente, adiantou.

Com 2.000 exemplares, o livro estará à venda no Hospital Distrital de Santarém (HDS) e no WShopping, afirmou.

O projeto vai manter a parceria com instituições locais, como a Câmara de Santarém, que tem cedido os espaços para a realização das oficinas, bem como o principal objetivo de “acolher as diferenças, promover a interação entre cidadãos e combater a exclusão social e o estigma da doença mental”, disse.

As oficinas vão agora decorrer por módulos e abranger outras técnicas, como por exemplo o barro, permitindo uma “maior rotatividade” dos participantes, mantendo os grupos o formato de um total de 15 participantes, nove com doença mental, quatro da comunidade e dois em risco de exclusão social, adiantou.

O departamento de Psiquiatria e Saúde Mental do HDS realça que o projeto proporcionou “um ambiente de criatividade, partilha e desenvolvimento pessoal, mediado pela arte, através da aquisição de um conjunto de competências técnicas de pintura, escultura e desenho, e simultaneamente, de competências relacionais com a consequente aceitação e reconhecimento pela comunidade do valor de cada pessoa com doença mental”.