Os cientistas da Escola de Medicina Perelman da Universidade da Pensilvânia examinaram 21 funcionários do governo dos Estados Unidos que se queixam de sintomas parecidos com os que advêm de uma concussão depois de servir em Havana entre 2016 e 2017.
"Esses indivíduos pareciam ter uma lesão sustentada em várias zonas do cérebro sem histórico associado a traumatismo craniano", lê-se no estudo publicado na revista Journal of the American Medical Association (JAMA).
Tonturas, dores de cabeça, dores nas orelhas, problemas de audição, dificuldades de concentração e de leitura, sensibilidade à luz e insónia são alguns dos sintomas descritos pelos funcionários norte-americanos. Muitos sofreram desta sintomatologia durante mais de três meses. Os sintomas eram tão fortes que os impediam de trabalhar.
Dezoito dos 21 indivíduos relataram ouvir um som "localizado" quando surgiram os sintomas nas suas casas e quartos de hotel.
Sons direcionais e altos
Os funcionários descreviam os sons como "direcionais, intensamente altos e com uma tonalidade pura e sustentada".
Alguns afirmam ter sentido algo parecido com uma pressão ou uma sensação de vibração. Três disseram que não ouviram nenhum som.
"Ambos os estímulos sensoriais e sonoros foram frequentemente descritos como direcionais, na medida em que os indivíduos perceberam uma direção distinta da qual a sensação emanava", afirmou o relatório no JAMA.
Alguns dos funcionários disseram que depois de mudaram de local, "a sensação desapareceu e os sintomas associados diminuíram".
Um editorial no JAMA adianta que uma "explicação unificadora para os sintomas experimentados pelos funcionários do governo dos Estados Unidos (...) permanece elusiva e o efeito de uma possível exposição a fenómenos acústicos não é clara".
Os investigadores também dizem que "é claro se ou como o ruído [percecionado] está relacionado com os sintomas relatados", uma vez que os sons na faixa audível (20 Hz-20,000 Hz) "não são conhecidos por causar danos persistentes no sistema nervoso central".
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