Os enfermeiros do setor privado reclamam aumentos salariais e a compensação pelo horário de trabalho desfasado.
“Neste momento, os enfermeiros sentem-se indignados, porque há um anúncio de milhões de lucros destes grupos [de hospitais] privados que vivem da doença. Os utentes pagam cada vez mais (…) e os enfermeiros não são valorizados”, disse aos jornalistas Isabel Barbosa, da direção regional do SEP de Lisboa, junto ao Hospital Lusíadas Lisboa.
Isabel Barbosa explicou que os enfermeiros estão “há um ano a lutar pela melhoria do contrato coletivo de trabalho da hospitalização privada”, tendo mostrado “alguma abertura” para chegar a um acordo embora considerem que a Associação Portuguesa de Hospitalização Privada (APHP) tem sido intransigente.
Sobre os dados da paralisação que termina às 24:00 de hoje, a dirigente sindical sinalizou que no Hospital Lusíadas Lisboa está como uma adesão de 83%, enquanto o da Amadora regista 60%, o mesmo valor observado no Hospital CUF Cascais.
“(…) No Hospital da Luz Lisboa todos os colegas fizeram greve, na Luz Torres de Lisboa todos fizeram greve, à exceção de uma colega que está em período experimental”, acrescentou.
Demonstrando solidariedade com a greve dos enfermeiros da hospitalização privada, a coordenadora do BE, Mariana Mortágua, disse no local que “é uma luta muito corajosa”.
“(…) Muitas pessoas acabam por vir para o [setor] privado aliciadas por horários um pouco melhores (…) e quando aqui chegam o que encontram é precariedade: horários mais longos e salários muito abaixo daquilo que achavam que iam ter”, sublinhou.
Também a deputada do PCP Alma Rivera esteve presente na concentração no Hospital Lusíadas Lisboa, apoiando os enfermeiros.
A greve abrange enfermeiros das instituições privadas de saúde onde é aplicável o contrato coletivo de trabalho estabelecido entre o SEP e a APHP, que inclui, entre outros, o Grupo Luz Saúde, Grupo Lusíadas Saúde, Grupo CUF e Grupo Trofa Saúde.
A greve realizada em março, explicou, determinou alguns avanços por parte dos grupos privados, no entanto, as propostas apresentadas pela APHP em junho, para inclusão no Contrato Coletivo de Trabalho não atingiram os patamares mínimos que permitissem estabelecer um acordo.
Segundo o SEP, apesar de nos últimos anos terem tido um aumento exponencial dos lucros, as instituições associadas da APHP continuam a não valorizar os enfermeiros.
Os enfermeiros das unidades de saúde privadas abrangidas pela APHP, um universo de cerca de 4.200 profissionais, reivindicam não só aumentos salariais para todos, mas também que a compensação pelo horário de trabalho desfasado seja aplicável aos enfermeiros que trabalhem por turnos e à noite e um aumento do valor das horas penosas.
O horário desfasado é aquele que, embora mantendo inalterado o período normal de trabalho diário, permite estabelecer, serviço a serviço ou para determinado grupo ou grupos de pessoal, e sem possibilidade de opção, horas fixas diferentes de entrada e de saída. As chamadas “horas penosas” são as trabalhadas à noite, nos fins de semana e feriados.
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