A polémica começou na sexta-feira, quando foi divulgada uma entrevista online a Fernando Simón que, como figura central do combate à pandemia de COVID-19, dirige-se aos espanhóis todas as semanas em conferências de imprensa transmitidas pela televisão.

Diante de uma pergunta sobre se gostava "das doenças infecciosas ou das enfermeiras infecciosas", Simón respondeu entre risos: "Não perguntei se eram infecciosas, ou não, mas isso via-se alguns dias depois".

O Conselho Geral de Enfermagem, representante do sindicato em Espanha, condenou "o momento de desinibição machista e retrógrado" de Simón e o seu tom "sexista e primitivo".

"As enfermeiras estão há décadas a lutar para se desfazer de todas as imagens e estereótipos machistas" e "é intolerável que uma pessoa com a responsabilidade que ostenta Simón no seu cargo se permita difamar" a profissão em plena pandemia, disse o comunicado da organização, que exigiu um pedido de desculpas.

Fernando Simón
Fernando Simón Protesto em Madrid, Espanha créditos: AFP

Os comentários também foram classificados como "sexistas e vergonhosos" pela oposição de direita do Partido Popular (PP), que os denunciou ao Ministério da Igualdade.

E, nesta terça-feira, a vice-presidente do governo, Carmen Calvo, considerou em entrevista à rádio Cadena Sur que Simón deve pedir desculpas "a título individual e como cidadão e homem" por um comentário "muito inadequado" que reafirma "estereótipos que não ajudam em nada na igualdade e respeito às mulheres".

O Ministério da Saúde espanhol notificou ontem 55.019 novos casos de COVID-19 desde sexta-feira, 4.334 dos quais nas últimas 24 horas. Quanto a óbitos, as autoridades espanholas reportaram 379 mortes desde sexta-feira, elevando os totais acumulados para 1.240.697 infeções e 36.257 óbitos.

Segundo os dados oficiais, nos últimos sete dias foram contabilizadas 777 mortes.

As comunidades espanholas mais atingidas – a Catalunha, por motivos técnicos, não atualizou os dados -, o País Basco foi o mais afetado com novos contactos nas últimas 24 horas, com 790, à frente da Aragão (692), Galiza (529), Navarra (525), Estremadura (371), Andaluzia (342) e Madrid (317).

Em relação à taxa de incidência acumulada nos últimos 14 dias por cada 100.000 habitantes, a média nacional subiu dos 485,2 pontos, na sexta-feira, para os 521,07 de hoje.