25 de fevereiro de 2014 - 06h55

Cientistas do Centro de Investigação de Saúde Internacional de Barcelona (CRESIB) descobriram uma proteína, designada AP2-G, que impede a transmissão da malária, publicou hoje a revista científica britânica Nature.   

A investigação revelou que a proteína AP2-G "atua como um interruptor no desenvolvimento do parasita da malária ao ativar a reprodução dos genes precoces dos gametócitos, formas sexuais do parasita, essenciais para a transmissão dos humanos para os mosquitos".  

Segundo as informações divulgadas pelo CRESIB, centro de investigação criado em 2006, o estudo descobriu novas formas de interromper a transmissão da malária, também conhecida como paludismo, mediante a prevenção da formação e da maturação das etapas sexuais do parasita. 

Alfred Cortés, que liderou parte do estudo, explicou que "no sangue, o parasita da malária encontra-se predominantemente na fase assexuada".

"A diferenciação sexual, que se ativa em alguns dos parasitas, é fundamental para transmitir a doença de um humano para um mosquito e iniciar novas infeções em outros humanos. Não é só necessário e fundamental curar os doentes afetados pela malária, mas também impedir a transmissão", disse o investigador. 

Para a transmissão dos parasitas da malária de humanos para o mosquito é necessário, segundo explicou Cortés, que aconteça uma diferenciação das etapas assexuadas de replicação dos glóbulos vermelhos para as etapas sexuais (gametócitos masculinos e femininos). 

"Descobrimos que a proteína AP2-G tem um papel chave no
controlo da diferenciação sexual. Na fase assexuada dos parasitas no
sangue, o gene que codifica a proteína AP2-G está 'apagado' na maioria
dos parasitas, mas é propenso à ativação espontânea", sublinhou ainda
Cortés. 

O 'plasmodium falciparum' é um dos quatro parasitas
da malária que podem afetar as pessoas e um dos mais perigosos,
responsável pela chamada 'malária cerebral'. A par do 'plasmodium
falciparum', as pessoas podem ser infetadas pelo 'plasmodium vivax',
pelo 'plasmodium ovale' e pelo 'plasmodium malariae'.

Na
semana passada, a revista britânica especializado em medicina 'The
Lancet' publicou um relatório que revelou que cerca de 57% da população
africana continua a viver em áreas de risco moderado ou elevado de
malária.

O relatório, elaborado por investigadores do Instituto
de Investigação Médica do Quénia, da Universidade de Oxford e do
departamento regional da Organização Mundial de Saúde para a África,
reuniu o maior número de sempre de estudos baseados na comunidade,
cobrindo um total de 3,5 milhões de pessoas em 44 países africanos onde a
malária é endémica desde 1980.

Lusa