O responsável da tecnológica Unloop, Hélder Pereira, disse hoje à Lusa que a ideia já mereceu o "interesse" de várias funerárias e poderá começar a ser implementada já em maio.
"Já recebemos pedidos", adiantou.
Desenvolvendo soluções de realidade aumentada e realidade virtual e trabalhando essencialmente com eventos, a Unloop viu a sua atividade "drasticamente" reduzida com a pandemia.
Entretanto, em meados de março, morreu a mãe de Hélder Pereira, um funeral a que um seu irmão que estava na Noruega não pôde assistir, devido ao cancelamento dos voos.
"Demos por nós a enviar fotos do caixão e da capela para o meu irmão. Sentimos que, de alguma forma, ele estava a participar, mesmo à distância. Para o meu irmão, foi um alívio, um bálsamo", referiu.
Este episódio, conjugado com os relatos, que vão chegando um pouco de todo o lado, de familiares que não podem assistir a funerais dos seus entes queridos devido às restrições impostas pelas autoridades de saúde, levou a Unloop a desenvolver o conceito "connecting memories", através da "Nimus", uma plataforma que permite de forma fácil, discreta e sem conhecimentos técnicos fazer "live streaming" de eventos.
Segundo Hélder Pereira, as funerárias reportam que já sentiam esta necessidade muito antes da covid-19, mas agora "muito mais".
Para aceder aos funerais, a família acede ao site e introduz um código que lhe é facultado pela empresa.
"Tão fácil quanto isso", refere ainda Hélder Pereira, sublinhando que está assim garantida a privacidade da cerimónia.
Os vídeos são, depois, disponibilizados à família, que terá ainda direito a uma espécie de "álbum" com fotografias e memórias da pessoa que morreu.
Entretanto, a empresa pretende alargar o conceito 'connecting memories' (conectando memórias) a todo o tipo de eventos, pelo que a plataforma foi crescendo, para ser usado em casamentos, batizados, museus e festas privadas.
Portugal contabiliza 820 mortos associados à covid-19 em 22.353 casos confirmados de infeção, segundo o boletim diário da Direção-Geral da Saúde (DGS) sobre a pandemia.
O país cumpre o terceiro período de 15 dias de estado de emergência, iniciado em 19 de março, e o decreto presidencial que prolongou a medida até 02 de maio prevê a possibilidade de uma "abertura gradual, faseada ou alternada de serviços, empresas ou estabelecimentos comerciais".
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