“Se as aulas vão começar no final do mês, ou início do próximo, este é um pormenor que para já não está em cima da mesa porque temos de ter mais dados objetivos para chegarmos a uma conclusão, de facto, que é o ‘timing’ ideal”, afirmou o pediatra que integra a equipa médica de Macau envolvida na linha da frente do combate ao surto do novo coronavírus.
Em entrevista à agência Lusa, o especialista explicou que continuam a existir razões objetivas para o facto de as escolas ainda não terem reiniciado as aulas, após os feriados do Ano Novo Lunar, e para milhares de crianças continuarem em casa.
O médico e representante dos Serviços de Saúde de Macau apontou que “é difícil” indicar uma data para o reinício das aulas, “porque se está ainda num período crítico”, apesar de algum otimismo junto das autoridades por não se registarem novos casos há 14 dias.
“Nas escolas as pessoas estão completamente aglomeradas em espaços pequenos, o intervalo entre as carteiras é extremamente pequeno”, o que potencia o risco de infeção, precisou o pediatra.
Recentemente, Jorge Sales Marques publicou um artigo numa revista científica nos Estados Unidos no qual concluiu que o facto de as crianças serem menos afetadas pelo coronavírus COVID-19 tem a ver com a estimulação do seu sistema imunológico, através das vacinas e respetivo reforços junto da população até aos 13 anos.
Macau conta atualmente com cinco casos de infeção no território. Dos dez casos identificados desde o início do surto, cinco já receberam alta hospitalar.
Após um encerramento de 15 dias, a partir de quinta-feira os casinos têm 30 dias para reabrir as portas na capital mundial do jogo, sob fortes medidas de prevenção determinadas pelas autoridades de saúde.
As escolas permanecem fechadas, jardins, assim como parques, jardins, espaços desportivos e culturais, bem como estabelecimentos de diversão noturna, enquanto os serviços públicos a garantirem desde segunda-feira serviços mínimos.
Numa fase inicial, o Governo de Macau foi obrigado a fazer uma encomenda de 20 milhões de máscaras de países como Portugal e Estados Unidos, face à falta de resposta do mercado chinês, e decidiu mesmo racionar a sua venda, com a população a apenas poder adquirir 10 máscaras a cada 10 dias. Recentemente, garantiu também um milhão de máscaras para crianças entre os 3 e os 8 anos, cuja aquisição também foi racionada.
As medidas excecionais praticamente paralisaram a economia da capital mundial do jogo, onde chegam anualmente quase 40 milhões de visitantes e cuja indústria turística é também muito dependente do mercado chinês.
O coronavírus COVID-19 provocou 2.004 mortos e infetou mais de 74 mil pessoas a nível mundial.
Além das vítimas mortais no continente chinês, há a registar um morto na região chinesa de Hong Kong, um nas Filipinas, um no Japão, um em França e um em Taiwan.
Veja em baixo o mapa interativo com os casos de coronavírus confirmados até agora
Se não conseguir ver o mapa desenvolvido pela Universidade Johns Hopkins, siga para este link.
O que são coronavírus?
São uma larga família de vírus que vivem noutros animais (por exemplo, aves, morcegos, pequenos mamíferos) e que no ser humano normalmente causam doenças respiratórias, desde uma comum constipação até a casos mais graves, como pneumonias. Os coronavírus podem transmitir-se entre animais e pessoas. A maioria das estirpes de coronavírus circulam entre animais e não chegam sequer a infetar seres humanos. Aliás, até agora, apenas seis estirpes de coronavírus entre os milhares existentes é que passaram a barreira das espécies e atingiram pessoas.
Qual o modo de transmissão?
Os animais são a fonte primária de transmissão, mas já está confirmada a transmissão entre seres humanos. Ainda não há informação suficiente sobre as formas exatas de transmissão entre humanos. O vírus parece ser transmitido por via respiratória, através da tosse ou secreções de pessoas infetadas.
O período de incubação está estimado entre dois a 12 dias, podendo ir até 14 dias. Há indicação de que pode haver transmissão do vírus mesmo antes de os sintomas se manifestarem.
Quais os sintomas?
Os principais sintomas são respiratórios e podem ser comuns ou semelhantes a uma gripe: febre, tosse, dificuldade respiratória, dores musculares e cansaço. Há doentes que desenvolvem pneumonia viral e até septicemia.
Há grupos de maior risco?
Pessoas de todas as idades podem ser afetadas pelo coronavírus. Contudo, pessoas mais velhas ou com doenças crónicas (como asma ou diabetes) parecem ser mais vulneráveis a ter doença grave quando infetadas. As autoridades destacam contudo que não há ainda informações suficientes para definir as pessoas atacadas de modo mais severo.
Um estudo hoje divulgado pelo Centro Chinês de Controlo de Doenças indica que 80% dos casos da infeção são ligeiros, que apenas 4,7% são considerados críticos e que as pessoas idosas ou com problemas de saúde prévios à infeção são as que correm mais riscos.
Comentários