“Nos primeiros meses este ano tivemos uma mortalidade muito baixa. Tivemos um inverno muito ameno e uma atividade gripal pouco intensa. Janeiro e fevereiro foram meses com muitos poucos óbitos por comparação com períodos homólogos nos últimos cinco anos”, começou por dizer Graça Freitas, para depois garantir que agora se está dentro, outra vez, “dos valores esperados para a época”.
“E dentro da curva programada para a mortalidade (…). A pequena subida que se verificou em abril e que contribuiu para esse número deve-se a mortes covid e a mortes por todas as outras causas. Temos de ver isto no continuo entre o início do ano e a data atual e vendo que os primeiros meses tiveram muito pouca mortalidade. Agora estamos dentro, outra vez, dos valores esperados para a época e dentro da curva programada para a mortalidade”, referiu a diretora-geral da Saúde.
Portugal registou entre 01 de março e 10 de maio mais 1.964 mortes que no período homólogo de 2019 e mais 878 comparativamente a 2018, segundo dados divulgados hoje pelo Instituto Nacional de Estatística (INE).
Os dados preliminares do INE, que dizem respeito à mortalidade geral (todas as causas de morte) no país, explicam que “o aumento relativamente a 2019 resulta sobretudo do acréscimo dos óbitos em pessoas com 75 e mais anos (+ 1.893)”.
Instada a comentar estes números na conferência de imprensa diária de ponto de situação sobre a pandemia covid-19 em Portugal, Graça Freitas disse que nas mortes “não covid” não houve registo de alguma situação “em específico”.
“Em abril tivemos um pequeno pico de mortalidade sobretudo em pessoas mais idosas e neste pequeno pico estão incluídos casos covid e outras situações não covid, nenhuma em específico. Neste momento a mortalidade – comparada com os períodos homólogos e com o intervalo de confiança – está completamente dentro dos valores e parâmetros esperados”, frisou Graça Freitas.
Hoje também foram divulgados dados do INE que dão conta de que o número de casos confirmados de covid-19 em Portugal era de 29,1 por cada 10 mil habitantes na quarta-feira, um aumento de 12% em relação a 06 de maio.
Ao comentar estes dados, Graça Freitas aproveitou para fazer uma análise da curva epidemiológica atual em Portugal, afirmando que “nos últimos dias” foi “estabilizado” o número de novos casos por dia na ordem dos 200 e 300 e que, tirando a “situação muito concreta” na Azambuja “com um surto grande e dois pequeninos”, os restantes novos casos “são coisas localizadas”.
“E depois há uma transmissão comunitária no resto do país que já foi mais intensa. Neste momento o Norte tem o número de casos estabilizados e menor do que teve no passado. A região Centro melhorou muito. As regiões do Algarve e do Alentejo praticamente não têm apresentado novos casos. Na região de Lisboa e Vale do Tejo concentra-se atualmente a maioria dos casos. Esta é a situação que estamos a acompanhar com mais cuidado”, disse Graça Freitas.
Segundo a diretora-geral, nos casos “territorialmente dispersos” a origem da infeção e transmissão tem sido “familiar” e “dentro da habitação”.
“O padrão em Lisboa tem alguma associação a pessoas mais jovens e mais saudáveis, a gravidade não tem sido muito maior do que foi no passado”, concluiu.
Também questionada sobre se tem conhecimento de uma situação em Loures, numa fábrica de processamento de carnes que continuaria a laborar depois de uma funcionária ter testado positivo ao novo coronavírus, Graça Freitas afirmou que “a situação em concreto está tranquila”.
Uma operária de uma fábrica de Loures encontra-se internada nos cuidados intensivos do Hospital Beatriz Ângelo com infeção por covid-19, revelou na quinta-feira o delegado de saúde, adiantando que os colegas se mantêm ao trabalho por serem de "baixo risco" de contágio.
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