O AVC continua a ser a das principais causas de morte e de incapacidade em Portugal, atingindo três pessoas por hora. Só em 2022, as doenças cerebrovasculares foram responsáveis por 9616 óbitos, o que representou 7,7% do total de óbitos no nosso país, de acordo com dados da Sociedade Portuguesa de Medicina Interna e do INE.

João Sargento Freitas, médico neurologista, explica que: “O AVC isquémico, que representa cerca de 80 a 85% dos casos anuais, ocorre quando há uma obstrução de uma artéria cerebral, geralmente causada por um coágulo sanguíneo (trombo) ou por aterosclerose (acumulação de placas de gordura). Esta obstrução impede o fluxo sanguíneo para uma área do cérebro, privando-a de oxigénio e nutrientes, o que resultar em danos neurológicos”.

Nas primeiras horas após um AVC isquémico é emergente chegar ao hospital, para dois tratamentos principais: a trombólise endovenosa e a trombectomia mecânica, também conhecida como tratamento endovascular. A trombectomia mecânica é uma técnica minimamente invasiva, que utiliza um cateter para desobstruir mecanicamente a artéria afetada. O neurorradiologista Ricardo Veiga destaca que este tratamento “é extremamente eficaz e seguro, oferecendo uma maior taxa de revascularização, melhores resultados clínicos e uma janela de tratamento alargada até 24 horas, dependendo de alguns fatores”.

Apesar das vantagens, nem todas os doentes com AVC são elegíveis para a trombectomia mecânica. “A decisão de realizar este procedimento é  complexa e deve ser tomada por uma equipa médica, considerando cada caso individualmente”, acrescenta Bruno Rodrigues, médico neurologista.

Depois do tratamento de fase aguda é essencial determinar o mecanismo exato que causou o AVC, sendo o período de internamento numa Unidade de AVC crítico para este objetivo, como realça o neurologista Bruno Rodrigues.

As duas causas mais frequentes do AVC isquémico são as causas cardio-embólicas, que muitas vezes resultam de arritmias cardíacas, como a fibrilhação auricular (FA), e a formação de placas de aterosclerose (colesterol) nas artérias cerebrais ou próximas. O AVC pode também ser causado por doenças das pequenas artérias cerebrais, para as quais a hipertensão arterial é o principal fator de risco, como as malformações cardíacas, doenças do sangue e outras alterações sistémicas.

O diagnóstico de algumas destas doenças nem sempre é fácil. A deteção precoce permite iniciar o tratamento com medicamentos anticoagulantes, prevenindo a formação de novos coágulos e reduzindo o risco de um novo AVC. Em alguns casos, a monitorização do ritmo cardíaco é fundamental, existindo atualmente dispositivos implantáveis de monitorização cardíaca de longa duração para detetar episódios assintomáticos de FA, com elevada acuidade diagnóstica.

Luís Elvas, médico cardiologista, refere que: “Um destes dispositivos é o registador de eventos implantável, que deteta a atividade elétrica do coração durante um longo período, geralmente alguns anos. Este dispositivo pode ser programado para registar automaticamente eventos, como batimentos cardíacos rápidos ou lentos, ou ser ativado pelo doente quando sentir sintomas. Os dados registados são posteriormente analisados pelo médico, ajudando a diagnosticar com precisão e a determinar o melhor tratamento”.

É fundamental consciencializar a população sobre os sinais de alerta. Relembramos a importância de estar atento aos 3F: Fala (dificuldade em falar), Face (assimetria facial vulgarmente denominado como ‘boca de lado’) e Força (perda de força num dos braços). Caso se manifeste um destes sintomas, deve ligar imediatamente para o 112, ativando assim a Via Verde AVC e diminuindo até 50% do risco de morte ou de incapacidade.

O presente artigo é da responsabilidade da Medtronic plc, é uma empresa mundial na área da tecnologia de saúde.