“A pandemia constitui um choque que nos faz sentir mais agudamente a fragilidade da vida. Verificamos como a doença abre em todos muitas feridas e acarreta muitos sofrimentos: feridas do medo da doença, da dor, do isolamento, da solidão, da ameaça do desemprego, da angústia da morte”, disse hoje António Marto durante a homília da missa do 29.º Dia Mundial do Doente, realizada na Basílica de Nossa Senhora do Rosário de Fátima, no santuário de Fátima, sem a presença de fiéis, devido ao confinamento a que a pandemia de covid-19 obriga.
Segundo o prelado diocesano “há mortes prematuras e outras na maior solidão que deixam feridas abertas nos familiares: nos pais e nos filhos, nos órfãos, nos viúvos/as, sobretudo naqueles que não puderam dizer uma palavra ou um gesto de adeus aos seus entes mais queridos, nem realizar um funeral à altura e ficam num estado de luto suspenso e amargo”.
“Quantas vezes escutamos tantas histórias de doenças, de sofrimento, de luto, de desânimo e desalento, de cruz. Encontramos deste modo muitas feridas físicas, psíquicas e espirituais que invocam reconhecimento, partilha e cura. São brechas a reparar e feridas a curar”, afirmou.
Segundo António Marto, a doença “é uma das experiências mais duras do ser humano. Sofre o enfermo que sente a sua vida ameaçada e se interroga: porquê, para quê, até quando? Mas sofre também a sua família, os seres queridos e os que o assistem”.
Na homília, o cardeal também observou que a medicina, nos últimos decénios “deu passos de gigante”.
“Devemos estar muito gratos e, neste momento, por nos proporcionar a vacina qual luz de esperança para sair da pandemia”. afirmou.
O prelado diocesano abordou a mensagem do papa para o Dia Mundial do Doente 2021 ao referir que “uma sociedade é tanto mais humana quanto melhor sabe cuidar dos seus membros frágeis e sofredores e o sabe fazer com eficiência animada por amor fraterno” e disse que “nem os governantes nem os cidadãos” deveriam “ignorar esta lição”.
“Investir recursos nos cuidados e na assistência às pessoas doentes é uma prioridade ligada ao princípio de que a saúde é um bem comum primário”, apontou, citando a mensagem do papa Francisco.
Também para a Igreja, “este cuidado não é algo acessório ou opcional. Faz parte da missão que Jesus lhe confiou de continuar a sua obra: levar a proximidade, a ternura, a compaixão, o conforto e apoio a todos ao que sofrem”, disse.
“Todas as vezes que cuido de um irmão enfermo, que ajudo a curar uma ferida, a enxugar uma lágrima, a dar conforto estou a colaborar na salvação de Cristo. Cada comunidade cristã é chamada a realizar esta missão localmente”, acrescentou.
O bispo de Leiria-Fátima disse ainda que é importante não “deixar no abandono e na solidão” aqueles que se encontram “a enfrentar um momento tão delicado ou duro da sua vida”.
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